Texto Básico: Atos 18.1-17
Corinto era a capital da Acaia. Cidade alta, o que dificultava invasões, tinha uma "fortaleza impenetrável” (só foi abatida depois da invenção da pólvora).
Ali havia uma escola de poesia, e ali foi desenvolvido um novo estilo de olaria, o Proto-Corinto. De lá muitas mercadorias lindíssimas eram exportadas tanto para o Ocidente, quanto para o Oriente. Corinto também era uma cidade portuária e através dela o acesso ao mundo era facilitado.
Com todo o desenvolvimento que alcançou, a cidade de Corinto adquiriu uma característica que também está presente em muitas das cidades importantes que conhecemos. Ela também ficou conhecida por sua imoralidade.
Dizer que alguém vivia ou agia como um coríntio podia ser uma ofensa, podia significar que a pessoa estava vivendo em imoralidade. Era nessa cidade que estava o templo de Afrodite (deusa do amor), o único da Grécia.
Em Corinto era possível encontrar pessoas de todas as nacionalidades e encontrar todos os tipos de vícios. Vamos ver como foi implantada a igreja nessa cidade.
1. Verdadeiros missionários do evangelho são enviados por Deus
Paulo, juntamente com Silas e Timóteo, passaram por Beréia, depois de saírem de Tessalônica. Ali eles anunciaram o evangelho e foram bem recebidos. Mas lembram-se da turma dos invejosos e agitadores de Tessalônica?
Pois é, a inveja misturada à ira trouxe os mesmos judeus para Beréia. Novamente eles tumultuaram o povo, começaram a agitá-los contra os missionários. Paulo, então, foi levado para se retirar da cidade pelo mar. Timóteo e Silas permaneceram em Beréia por mais algum tempo.
Depois dessas coisas, Paulo passou por Atenas, onde pregou e falou sobre o Deus desconhecido para aquele povo.
Atenas era uma cidade muito culta. Paulo foi ouvido por homens doutos, filósofos, epicureus, estóicos e outros (cf. At 17.18). Permaneceu e pregou por breve tempo em Atenas e partiu para Corinto.
Em Corinto, Paulo encontrou Áquila e Priscila, que se tomaram amigos e colaboradores dele. A Bíblia não fala como e nem quando foi a conversão dos dois, mas diz que Paulo os conheceu e, depois de um tempo, foi morar com eles.
Eles faziam tendas para sobreviver, Paulo também trabalhava. Eles trabalhavam duro para ter o sustento sem depender de ninguém, mas aos sábados Paulo pregava na sinagoga. Com a chegada de Silas e Timóteo, Paulo parou de fazer tendas e se dedicou a ensinar a Palavra (18.5).
Depois de falar muito aos judeus na sinagoga e de ouvir suas blasfêmias, Paulo sacudiu a poeira do pé e se livrou da culpa pelo sangue deles (cf. Mt 10.14), e partiu para os gentios.
Tício Justo, temente a Deus, cedeu a sua casa, que ficava ao lado da sinagoga, e ali Paulo ensinava. Mesmo assim, alguns judeus creram, dentre eles Crispo, o principal da sinagoga, com toda sua família.
Paulo tinha motivos para continuar a obra, tudo ia tão calmamente; mas às vezes podia bater um desânimo, cansaço por tantas viagens, tantas fugas, tanta reclamação dos judeus.
Como podemos ver em 1 Coríntios 2.3, Paulo admitiu a dificuldade do ministério, mas sabia que não estava realizando a obra sozinho.
Dessa vez, especialmente, o Senhor falou em visão com Paulo e disse que tinha muita gente para salvar em Corinto, por isso ele deveria falar e não desanimar nem temer (cf. At 18.9,10). Paulo trabalhou durante um ano e seis meses na cidade de Corinto e deixou ali uma igreja estabelecida.
2. A mensagem de Cristo é superior às muitas palavras
Corinto era uma cidade desenvolvida para sua época. Era grande, tinha muito valor e, devido à riqueza da cidade, tinha ali muitos homens inteligentes, versados, que sabiam muita coisa", mas não entendiam do essencial, do espiritual.
Depois que Paulo foi embora, muitos falatórios começaram a aparecer no meio do povo. Em 1 Coríntios, Paulo lembra que o mais importante para ele era “pregar o evangelho".
Embora eles se achassem muito sábios em sua cultura, precisavam ouvir o evangelho puro e simples e não palavras enfadonhas, cheias de suposta sabedoria, e sem nenhum conteúdo (cf. ICo 1.17; 2.4,5).
3. Questão de imaturidade
Você já participou de uma reunião de família em que há crianças? Elas sempre querem o mesmo brinquedo, o mesmo colo, a mesma atenção. À medida que vão crescendo e aprendendo com os pais como dividir e conviver com os outros, o ciúme e as brigas vão dando lugar à maturidade. Fica mais fácil abrir mão de algumas coisas e se contentar com o que têm.
No início da primeira carta, Paulo diz que é grato a Deus por tudo que ele concedeu aos coríntios, que em tudo eles foram enriquecidos e diz que receberam de tudo para que pudessem desfrutar de todos os dons (ICo 1.4-7). Tiveram Paulo durante um ano e meio com eles e depois tiveram o auxílio de Apoio.
Mas Paulo demonstra decepção com os coríntios nessa carta. Em 1 Coríntios 3.1,2 Paulo diz que eles são imaturos na fé e que não estão preparados para receber credibilidade de adultos. Paulo demonstra tristeza por perceber que a igreja não havia progredido, estava estagnada em atitudes infantis.
Que tipo de comportamento demonstrava a imaturidade dos coríntios? Ciúmes e contendas (v. 3). Não é esse o comportamento das crianças birrentas? Os irmãos de Corinto estavam vivendo assim. Começaram a criar divisões dentro da igreja, alegando ser de um líder ou de outro. A igreja tinha também problemas com impurezas, já que a cidade era muito conhecida por sua imoralidade.
Paulo disse que eles não estavam preparados para receber alimento sólido. Mesmo já tendo alcançado a idade “adulta”, não tinham ainda a mente madura. Paulo não põe em dúvida a conversão dos coríntios, mas diz que eles não cresceram, ainda agiam como carnais, como crianças (ICo 3.1).
Na questão dos dons, Paulo fala que os dons são diversos, mas quem realiza a obra, quem capacita a cada um é o Espírito Santo (cf. ICo 12.1-11). Como crianças brigando pelos brinquedos, os coríntios brigavam pelo que consideravam os melhores dons.
Já no caso de imoralidades, Paulo fala sobre a disciplina para que aja restauração na vida do irmão em pecado e restauração na vida da igreja (ICo 5.1-6.20; cf. 2Co 2.5-11).
A maturidade na vida espiritual não é alcançada com a idade física. Ela depende do convívio diário com o Senhor e do conhecimento da Palavra. Eles precisavam deixar as atitudes infantis e seguir para a vida adulta em Cristo.
4. Questão de autoridade
Sempre temos preferência por algum professor, por algum tio ou tia, por algum irmão, por algum amigo, etc. Mas no caso da família, por exemplo, não é porque temos mais afinidade com um tio que o outro não é mais tio.
Não é porque gostamos do professor de matemática que não vamos precisar aprender português. Tanto um professor quanto o outro são importantes para o nosso desenvolvimento intelectual.
Na igreja de Corinto começou a existir um outro problema. Mais uma briguinha de criança. Eles começaram a discutir a quem eles pertenciam, quem era o responsável pela sua conversão.
Uns diziam ser de Paulo e outros de Apoio (ICo 3.4). A intenção de Paulo não era medir forças com um ou outro líder da igreja. Ele queria deixar claro que quem dá o crescimento é Deus.
Ele sabe que não depende da mensagem dele nem da de Apoio para que alguém seja salvo, mas sim do poder de Deus.
Paulo sabe que é apenas um cooperador de Deus no ministério e que a igreja de Corinto é a lavoura de Deus, é o edifício que Deus está edificando (ICo 3.5-9).
A autoridade máxima na igreja é o Senhor. Os apóstolos, missionários, presbíteros, diáconos, etc., são instrumentos, despenseiros de Deus para continuar a obra (ICo 4.1,2).
5. Conclusão
Paulo estava encerrando a sua segunda viagem missionária apesar de muitas dificuldades, e perseguições, e açoites, e cadeias; ele continuou, pregou e permaneceu um ano e meio em Corinto.
Paulo não escreveu só uma carta aos coríntios, na Bíblia temos 1 e 2 Coríntios, mas, além dessas, há indícios de que escreveu outras duas, uma antes da primeira e outra antes da segunda, que não estão na Bíblia.
Em 2 Coríntios podemos perceber o tom mais tranquilo usado por Paulo. Por suas palavras, é possível perceber que houve arrependimento e crescimento na vida daquela igreja (2Co 7.2-16).
Na primeira carta, Paulo apontou problemas graves na igreja de Corinto e ensinou como encontrar a solução para esses problemas. Na segunda carta, Paulo reconheceu a mudança de comportamento dos membros daquela igreja, demonstrando imensa alegria pela atitude deles.
Aplicação
Certas briguinhas na igreja nos parecem tão infantis, mas, muitas vezes, fazemos parte dos falatórios, tomamos partido e aumentamos a confusão.
- Em qual partido você está? Ou você reconhece que na igreja não deve existir o grupo de um ou do outro?
- Você está pronto para respeitar e atender aos seus líderes, sejam eles quem forem, quando estão agindo em conformidade com a Palavra de Deus?
- Sua vida tem sido de pureza, santificação, transformação diária, de forma que ninguém tenha o que falar contra você?
Autor: LEANDRO ANTÔNIO DE LIMA
