Imagens ou adoração?: A batalha da Reforma pela pureza do culto a Deus – Estudo Bíblico sobre a Reforma Protestante

Texto Básico: João 4.23

Introdução

No último estudo bíblico vimos uma das manchas que a Igreja Católica Apostólica Romana deixou sobre a humanidade, denominada Inquisição. Neste estudo, analisaremos um dos assuntos que, ainda hoje, é tema de discórdia entre católicos e protestantes - a idolatria. Veremos um pouco da história do desvio e o que hoje é ensinado com relação ao tema.

I. Adorando a criatura

O ser humano sempre foi propenso a adorar alguma coisa. Até os povos mais selvagens sempre tiveram uma entidade a quem adoravam. Os teólogos chamaram a isso "semente da religião".

Na verdade, a teologia reformada explica que isso é um dos resquícios da imagem de Deus que foi danificada com o pecado.

A adoração de qualquer outra coisa que não seja Deus é chamada de idolatria, e sua característica principal é que o idólatra adora aquilo a que ele atribuiu divindade. Ou seja: Adora a quem ele próprio criou (Rm 1.25), diferentemente do verdadeiro Deus que demanda adoração por ter sido quem criou o homem.

Quando me refiro a um deus criado pelo homem, não quero restringir tal criação a obras de barro, madeira, ou a qualquer coisa moldável pela arte e engenho humano, mas também a tudo aquilo que existe independentemente de ter sido "fabricado” pelo homem, mas que recebe dele adoração.

II. A reforma lutou contra todas as formas de idolatria

Quando a Reforma do século 16 eclodiu, a idolatria apresentava como face mais palpável as artes, e a humanidade passava por um período de grande fecundidade nelas, voltando-se para os clássicos do passado.

Esse problema já havia sido questão de debate na igreja, uma vez que os judeus evitavam qualquer representação da figura humana e o segundo mandamento proibia fazer qualquer tipo de imagem de Deus.

Porém, como sempre se arranja um jeito de justificar o que se faz, não tardou a que se observasse que a palavra hebraica no mandamento referia-se a figuras em relevo e, portanto, as pinturas estavam de fora da proibição. Até hoje, a Igreja Ortodoxa usa esse argumento para manter-se fiel ao uso de “ícones” (pinturas) e não tolerar estátuas.

Mas, o argumento mais usado para se permitir o uso de imagens, foi ainda mais engenhoso:

As belas-artes, por sua própria natureza estão relacionadas com a infinita beleza de Deus a ser expressa de certa forma pelas obras humanas. Tanto mais podem dedicar-se a Deus, a seu louvor e à exaltação de sua glória, quanto mais distantes estiverem de todo propósito que não seja o de contribuir poderosamente na sincera conversão dos corações humanos a Deus.

A desculpa que hoje leva os evangélicos a fazerem qualquer coisa na proclamação do Evangelho foi usada nos primeiros séculos para se justificar o uso de qualquer representação da divindade.

Outro argumento usado era o de que, se Deus adquiriu natureza humana, portanto material e visível, para comunicar aos homens sua graça, ele não se importaria em ser representado em uma simples pintura que, tornaria sua comunicação mais abrangente ainda.

Porém, os reformadores insistiam que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Outros, relembrando a Parábola do Semeador, enfatizavam o relato de Lucas em que é dito claramente "a semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11).

Mas a luta contra a idolatria não se limitava às artes. Ela era vista também, especialmente, na cerimônia que a igreja tinha por culto: a missa.

Essa luta, que continua até nossos dias, deriva-se da Igreja Católica Apostólica Romana atribuir à missa o papel de repetição do sacrifício de Cristo, chegando a declarar que Cristo está presente, corporalmente, de forma “transubstanciada", na hóstia.

Ora, transformar o produto do trigo na pessoa de Cristo é, no mínimo, fazer algo e atribuir-lhe divindade.

Este problema trouxe divisão. Uns, como já faziam os anabatistas, preferiram dizer que pão é apenas uma representação figurativa de Cristo. Outros, como os luteranos, preferiram uma explicação que desdizia a Igreja de Roma na aparência, mas confirmava-a na essência. Diziam que o corpo do Senhor “consubstanciava-se” com o trigo.

Embora sutil, a diferença está presente no fato de que a Igreja de Roma dizia que o pão e o vinho assumiam as substâncias do corpo e do sangue de nosso Senhor. 

Ao passo que os luteranos, diferenciando os acidentes, aquilo que nossos sentidos percebem, da essência, aquilo que constitui o objetivo em seu ser, diziam: o pão e o vinho, mantendo a aparência, o gosto, o cheiro, a cor e as demais propriedades que afetam a quem os toma, na realidade carregam em sua essência o corpo e o sangue de nosso Senhor.

Os que foram às últimas consequências e que são conhecidos como Reformados declaravam com Calvino que o pão continua pão, e o vinho continua vinho, sem qualquer modificação de suas substâncias, mas, ao serem separados e usados com o coração elevado a Deus, o participante recebe espiritualmente, pela fé, o corpo e sangue de Cristo, como alimento espiritual. Isto é o que ensina a Bíblia.

III. A condenação bíblica

A Palavra de Deus condena veementemente a idolatria. Nosso Deus é um Deus zeloso e não reparte a sua glória com outros.

Isaías 42.8
Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.

Romanos 1.25
...mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador.

Além disso, o ensino e o exemplo que temos nas Escrituras nos mostram que só podemos adorar a Deus. Quando Jesus citou Deuteronômio 6.13, respondendo ao tentador, ele disse: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto."

Ademais, apóstolos e anjos que conheciam verdadeiramente a Deus, nunca aceitaram adoração de quem quer que fosse:

Pedro rejeitou a adoração de Cornélio

Atos 10.25,26
Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem.

Barnabé e Paulo rejeitaram a adoração dos moradores de Listra

Atos 14.11-18
Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões. Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.

O anjo não permitiu que João o adorasse

Apocalipse 19.9,10
Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.

Apocalipse 22.8,9
Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.

Não há sequer um exemplo na Bíblia de adoração à Maria ou a quaisquer dos apóstolos.

Conclusão

Imagine o que pensariam Pedro, Paulo e Barnabé, os mesmos que impediram adoração às suas pessoas, se vissem hoje, milhares de devotos ajoelhados perante suas imagens, em atitude de adoração. Certamente, ficariam muito tristes. Mas não menos triste que Deus, ao ver milhares de pessoas sendo enganadas no decorrer dos séculos por líderes religiosos sem compromisso com a verdade.

Aplicação

Quantos católicos você conhece que ainda estão no caminho da idolatria? Que tal ler alguns textos desta lição com eles? Que Deus o use.

O 2º mandamento e a idolatria

O segundo mandamento proíbe o uso de imagens na adoração. O Romanismo, então, vai usar o texto dos querubins (Gn 25.18), o da serpente de bronze (Nm 21.9) e dos adornos do templo de Salomão (IRs 7.29) para dizer que Deus não proibiu a confecção de todo o tipo de imagem de escultura.

De fato, não há pecado em se fazer uma escultura, o problema está em se fazer uma escultura para adoração. É aí que erra o Romanismo. Deus condena o ajoelhar-se diante de uma imagem de barro para adoração.

"Mas nós não usamos a imagem para adoração e sim para veneração” - se defenderá o Romanista. E o que dizer das cerimônias que ajuntam milhares de pessoas para ver uma imagem passar? Ou para segurar em uma corda que está presa a uma imagem? Não estão estas pessoas colocando toda a sua atenção e devoção naquele pedaço de barro?

O catolicismo está tão errado quanto a isso que até adulterou os 10 mandamentos para que não houvesse questionamentos de seus membros quanto à idolatria. Veja a lista de 10 mandamentos ensinados na Igreja Católica Apostólica Romana:

  • 1º - Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo;
  • 2º - Não falar seu santo nome em vão;
  • 3º - Guardar os domingos e festas;
  • 4º - Honrar pai e mãe;
  • 5º - Não matar;
  • 6º - Não pecar contra a castidade;
  • 7º - Não furtar;
  • 8º - Não levantar falso testemunho;
  • 9º - Não desejar a mulher do próximo;
  • 10º - Não cobiçar as coisas alheias.

Percebeu a violação? Fizeram um apanhado de ensinos e construíram uma lista de 10 mandamentos totalmente diferente da lista bíblica de Êxodo 20. Ardilosamente extirparam o mandamento referente às imagens para não serem questionados. Vão responder a Deus por causa disso.

Autor: Fôlton Nogueira

Semeando Vida

Postar um comentário

O autor reserva o direito de publicar apenas os comentários que julgar relevantes e respeitosos.

Postagem Anterior Próxima Postagem
Ajuste a fonte: