Introdução
A Palavra de Deus declara: “Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o seu corpo.” (Tg 3.3). Pecados cometidos através da língua são frequentes.
Alguns têm o hábito de falar antes de ouvir; outros, falam do que não ouviram; já outros, falam de tudo quanto ouvem, mesmo sem constatar se é verdade ou não; outros, ainda, não medem as consequências do que falam, embora falem a verdade.
Inimizades, contendas e mal-estar são, muitas vezes, o resultado de mentiras proferidas, verdades ditas de forma inadequada ou em circunstâncias inconvenientes e, em alguns casos, até mesmo palavras que deveriam ter sido ditas mas não foram.
Falar é uma arte; e todos nós devemos nos exercitar nela. A arte de falar abrange alguns cuidados básicos, que devemos sempre observar: o que falar, a quem falar, por que falar, quando falar e como falar.
Geralmente falhamos em alguns desses pontos. Daí, a necessidade do “cuidado com a palavra”, como propõe o presente estudo.
Lamentavelmente, é possível constatar em muitas comunidades os efeitos devastadores das palavras de algumas pessoas que não são capazes de refrear a sua língua.
É preciso lembrar, porém, que, “se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes enganando o próprio coração, a sua religião é vã.” (Tg 1.26). Sobre essa questão, o apóstolo Pedro cita o Salmo 34, dizendo: “quem quer amar a vida e ver dias felizes, refreie a sua língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente.” (I Pe 3.10).
O livro de Provérbios está repleto de passagens que nos advertem quanto aos perigos e males que envolvem o falar, bem como passagens que nos ensinam a ser mais cuidadosos com as nossas palavras. Aprendamos, pois, com os provérbios, que as palavras tanto podem construir quanto destruir.
1. Deus detesta palavras de falsidade
Provérbios 6.16 a 19 apresenta uma lista de sete coisas que o Deus Eterno detesta, sendo que a ênfase recai na última delas, a saber: “a pessoa que provoca brigas entre amigos.” E, entre as coisas detestadas por Deus, está a mentira - “a língua mentirosa”, “a testemunha falsa que diz mentiras.”
Uma das armas prediletas, usada por aqueles que semeiam discórdias, é a língua. As palavras proferidas por lábios mentirosos são como veneno, contaminam. É inconcebível haver entre o povo de Deus pessoas que mentem, pois, o pai da mentira é o diabo (Jo 8.44).
Entre as exigências da Lei, encontramos a seguinte em Levítico 19.11 e 12: “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarieis o nome do vosso Deus: Eu sou o Senhor.”
O salmista Davi fala do rigor com que o Senhor trata os mentirosos (Sl 5.6). Também o livro de Apocalipse fala da sentença final aos mentirosos (Ap 21.8). Provérbios 12.22 declara que “o Deus Eterno detesta os mentirosos, porém ama os que dizem a verdade.”
2. Palavras de falsidade são uma arma mortal
Em Provérbios, várias figuras são utilizadas para descrever o potencial de morte das palavras de falsidade e daqueles que as proferem:
- O poder das palavras é muito grande: elas podem salvar ou destruir. É por isso que se deve tomar cuidado com o que se fala (Pv 18.21);
- O homem que levanta falso testemunho é como espada e flecha aguda (Pv 25.18). Ele atinge e fere as pessoas (Pv 12.18);
- O homem que engana o seu próximo é como quem lança fogo, flechas e morte (Pv 26.18,19). O estrago que provoca pode ser muito grande;
- O homem maldizente e contencioso é como o combustível para o fogo (Pv 26.20,21). Ele acende rixas com muita facilidade;
- As palavras do maldizente costumam ser como a comida fina (Pv 26.22). São palavras apetitosas e, por isso, absorvidas com facilidade;
- As palavras fingidas são como verniz (Pv 26.23). Assim como o verniz encobre os defeitos da madeira ou de um vaso de barro, as palavras fingidas encobrem um coração mau.
Devemos estar sempre atentos, não permitindo que os nossos lábios profiram palavras de falsidade. Além disso, devemos evitar aqueles que se valem da mentira, pois, conforme Provérbios 26.28, “a língua falsa aborrece a quem feriu, e a boca lisonjeira é causa de ruína.”
No capítulo 3 de sua Carta, Tiago discorre exaustivamente sobre os pecados da língua. Segundo ele, “a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como é posta ela mesma em chamas pelo inferno. (...) é mal incontido, carregado de veneno mortífero.” (vv.6-8).
3. O cuidado com a palavra é uma necessidade constante
Grande parte dos provérbios aponta para o cuidado que devemos ter quanto às palavras que proferimos. Por exemplo:
- Pv 13.5 - “Saber dar uma resposta é uma alegria; como é boa a palavra certa na hora certa!”;
- Pv 17.7 - “É mais fácil um tolo dizer alguma coisa que se aproveite do que um homem de respeito dizer uma mentira.”;
- Pv 17.27 - “Quem controla as suas palavras é sábio, e quem mantém a calma mostra que é inteligente.”;
- Pv 25.11 - “A palavra certa na hora certa é como um desenho de ouro feito em cima de prata.”;
O cuidado no falar é precedido pelo cuidado no ouvir. Só sabe falar bem, quem já aprendeu a ouvir.
Derek Kidner observa três razões pelas quais a calma deve preceder o falar:
em primeiro lugar, permite tempo para se escutar o assunto inteiro com equidade (18.13; cf. vers. 17); em segundo lugar, deixa os ânimos se serenarem (15.1: ‘A resposta branda desvia o furor’); e, em terceiro lugar, sua influência é poderosa: ‘a língua branda esmaga ossos’ (25.15) (Provérbios - Introdução e Comentário, Mundo Cristão/Vida Nova, p.47).
Como cristãos, devemos ser zelosos no falar. Em Colossenses 3.8 a 10, encontramos uma importante exortação quanto ao cuidado com a palavra: “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos revestistes do novo homem.”
Os cristãos devem se distinguir na sua linguagem. A nossa palavra deve ser boa para edificação, sempre agradável, temperada com sal (Ef 4.29; Cl 4.6).
Conforme Mateus 12.37, Jesus declara: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.”
Sejamos, pois, zelosos nessa questão! Oremos como o sábio, pedindo a Deus: “afasta de mim a falsidade e a mentira.” (Pv 30.8). Ou, então, façamos como o salmista: “Guardarei os meus caminhos, para não pecar com a língua; porei mordaça à minha boca.” (Sl 39.1).
Que se cumpra em nós também o mesmo anseio do salmista: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (Sl 19.14).
Discussão
- A mentira é um pecado detestável. Como devem ser tratadas pela igreja as pessoas que têm o hábito de mentir?
- Você concorda que “a mentira tem pernas curtas”? Por quê?
- Você acha que há situações em que a verdade não deve ser dita? Explique.
Lista de Estudos da série
1. Vença 5 Desafios Cruciais da Vida Espiritual – Estudo Bíblico sobre Crescimento Cristão
7. Vença a Inveja: 3 segredos poderosos para libertar seu coração – Estudo Bíblico sobre Inveja
8. Vença a Mentira: 3 lições essencias para uma vida cristã autêntica – Estudo Bíblico sobre Mentira