Firme até o fim: A verdade sobre o Dia do Senhor e como perseverar – Estudo Bíblico sobre 2 Tessalonicenses

2 Tessalonicenses 2.1-5

Todos nós estamos expostos a problemas vários. Na vida surgem momentos tão difíceis, que pensamos até mesmo em desistir. Parece que a esperança morreu, e o fim do mundo chegou.

Mesmo conhecendo as promessas do Senhor, comumente carecemos de alento e encorajamento para enfrentar as situações adversas da vida. Nestas horas, a ajuda e o apoio dos irmãos são de vital importância para recordar os preciosos ensinamentos do Senhor.

Ao passar por duras situações, não devemos nos sentir piores do que os outros. A comunidade cristã de Tessalônica viveu uma experiência enriquecedora para todos nós. Ela havia recebido uma edificante mensagem (I Tessalonicenses), mas, em pouco tempo, esqueceu-se das lições ensinadas, certamente porque os irmãos e irmãs não praticaram a mensagem recebida.

Tal qual acontece hoje em dia, os pregadores precisam repetir ou reforçar as mensagens, ou explicá-las de uma outra forma, para que a igreja aprenda. Assim procede o apóstolo Paulo quando toma conhecimento de que a sua primeira carta não alcançou o êxito esperado: escreve uma segunda carta denominada "II Epístola aos Tessalonicenses".

Ainda que semelhante à primeira carta, em II Tessalonicenses o apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, adota outros meios para enfatizar a mensagem anterior, sem "desesperar jamais".

A Epístola

No último Estudo, obtivemos várias informações quanto à cidade e à igreja de Tessalônica. Há grande semelhança no estilo, na ênfase e na mensagem das duas cartas, certamente porque Paulo escreveu II Tessalonicenses pouco depois de I Tessalonicenses.

Paulo, Silvano (Silas) e Timóteo (1.1,2) escreveram as duas cartas, em uma linguagem objetiva e direta, pretendendo mostrar que a luta de outros tempos (veja At 17) não cessaria; outros momentos difíceis haveriam de desafiar a comunidade.

Poucos meses após o envio da primeira carta, o apóstolo recebeu novas notícias a respeito da comunidade (3.11). Aproveitando-se do rebanho, algumas pessoas, baseando-se em pretensas revelações, orais ou escritas do apóstolo, anunciavam, de uma outra forma, a proximidade do dia do Senhor (2.2).

Ao tomar conhecimento do surgimento de uma orientação paralela à sua, o apóstolo enviou a sua orientação, visando corrigir erros e fortalecer a fé dos cristãos.

Ambas as cartas falam da segunda vinda do Senhor. Na primeira carta, Paulo fala o que é a segunda vinda do Senhor (a parousia); agora, ensina aos cristãos como aguardar este dia. Ele mostra que não é nossa competência estabelecer tempos, nem tampouco fazer prognósticos ou marcar datas (I Ts 5.2; Mt 24.43).

Isso pertence a Deus. Os cristãos de Tessalônica encontravam-se tão preocupados com o fim dos tempos, que se refugiavam na visão apocalíptica, e se alienavam da prática cristã, desvinculando-se da realidade. Segundo o apóstolo, os cristãos devem ocupar-se da prática da fé, respondendo aos desafios do Reino, pois ainda não é o fim do mundo.

Devemos concentrar a nossa atenção nas seguintes recomendações que se destacam da mensagem de II Tessalonicenses:

1 - Encorajar-se com Gratidão Constante a Deus

Inicialmente (cap.1), o apóstolo procura encorajar aos cristãos, inculcando neles otimismo e entusiasmo, e dando-lhes a visão da obra, visão do passado, visão do futuro.

Devemos render graças a Deus pelas muitas vitórias alcançadas e pelas misericórdias do Senhor, que se renovam a cada manhã (Lm 3.22); não através de expressões vazias, fora da realidade, desvinculadas do dia a dia, mas recordando as ricas e incontáveis bênçãos do Senhor.

Em vez de se refugiar na visão apocalíptica ou esconder-se dos muitos desafios da vida diária, os cristãos devem aprender a agradecer ao Senhor, conforme consta da primeira epístola: "Em tudo dai graças" (I Ts 5.18). Isso envolve as bênçãos sim, mas inclui, também, as "perseguições e tribulações" (1.4) que desafiam a nossa caminhada cristã.

2 - Reconhecer o Senhorio Absoluto de Cristo

Em Tessalônica, os apóstolos foram acusados de "revolucionar o mundo" e "agir contra os decretos de César". Naqueles tempos, o culto ao imperador era cultivado por todo o império. Diz Paulo, que este (...) "se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou objeto de culto a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus" (2.4).

Os cristãos recusavam-se a reconhecer César como senhor. Assim, resistiam ao inimigo, afirmando que "Cristo é o Senhor", aquele que vencerá, pois "o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o destruirá pela manifestação de sua vinda" (2.8). Observa-se que, nesta epístola, os cristãos são incentivados a permanecerem firmes na fé; caso contrário, não resistirão às artimanhas do inimigo (1.9-12).

Eis a razão da repetição do título "Senhor" 22 vezes nesta epístola. A preocupação de Paulo com a comunidade era de que esta tomasse a ideia da volta de Cristo, como uma fuga da realidade, "entregando os pontos". A igreja, segundo o apóstolo, deve lutar mais, resistir mais e, se preciso for, sofrer mais; porém, sem jamais abrir mão da profissão de fé: "Jesus Cristo é o Senhor".

Muitas tendências demonstram que, na prática, a igreja, ainda hoje, não reconhece o senhorio absoluto de Cristo. Por exemplo: há gente que valoriza tanto a ação do inimigo, que parece que Deus está enfraquecido e a igreja derrotada.

Outros concentram a sua fé somente no "além", no "depois", levando a igreja a acomodar-se aos modelos da sociedade, entronizando pessoas, ideologias, modismos etc.

É preciso enfatizar que Ele é o Senhor. Disse Jesus: "toda a autoridade me foi dada no céu e na terra" (Mt 28.18). Ele é o único e absoluto Senhor (Fp 2.9-11).

3 - Compreender a Visão de Deus para o Trabalho

No capítulo 3 Paulo orienta aos cristãos, conclamando-os ao trabalho sério e responsável, vocacional e produtivo, como recurso para aguardar a volta do Senhor.

Em seu excelente comentário, Valmor da Silva apresenta a proposta diferente de Paulo quanto ao trabalho do cristão, da qual destacamos:

O autossustento - Ensina Paulo que o trabalho garante a nossa subsistência: "Quem não trabalha, não come" (3.10). Para combater a "malandragem" ou "o lucro fácil", a epístola reforça a mensagem do salmista: "Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás e tudo te irá bem" - (Sl 128.2).

O estilo de vida dos apóstolos - Eles trabalhavam muito e sobreviviam às custas de seus esforços, trabalhando com ordem e decência. Paulo diz: "pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos..." (3.7ss).

A valorização do trabalho como mandamento divino - O trabalho é bênção e não castigo ou maldição, pois foi instituído por Deus para o bem-estar da pessoa e o desenvolvimento do mundo.

O combate à ociosidade - Paulo recomenda aos cristãos que se afastem dos que vivem à toa ou de forma desordenada. A epístola condena a atitude dos que não trabalham, porque permanecem estáticos e desocupados, apenas aguardando a volta de Cristo.

A dedicação para com o trabalho - Diz Paulo que "trabalhamos com esforço e na fadiga, de noite e de dia" (3.8). O apóstolo recomenda que o trabalho seja feito com todo o esforço, oferecendo o melhor que temos e somos (Ec 9.10).

O combate à injustiça e à exploração do sistema - A conduta cristã responsável constitui-se de oposição e resistência ao sistema econômico e político de Tessalônica. Paulo recomenda aos cristãos uma postura diferenciada, não se acomodando ao sistema escravagista e explorador imposto por uma ideologia opressora e injusta.

O cristão deve dar uma nova visão e qualidade ao seu trabalho, pois este é realizado para a glória de Deus e o bem-estar social. Somente assim, o trabalho dignifica a pessoa humana, e cumpre o propósito de Deus.

A volta de Cristo é certa e inesperada. Porém, os cristãos seguem a vida cumprindo a vontade de Deus. Desesperar, jamais!

Autor: Wilson Emerick de Souza


Lista de estudos da série

1. Romanos - O poder do evangelho: Entenda a justificação pela fé de A a Z – Estudo Bíblico sobre Romanos

2. 1 Coríntios - Ordem no caos: Soluções bíblicas para os problemas reais da igreja – Estudo Bíblico sobre 1 Coríntios

3. 2 Coríntios - Força na fraqueza: O poder do ministério em meio ao sofrimento – Estudo Bíblico sobre 2 Coríntios

4. Gálatas - O único evangelho verdadeiro: Por que a liberdade em Cristo é inegociável – Estudo Bíblico sobre Gálatas

5. Efésios - O plano cósmico de Deus: Descubra sua identidade no Corpo de Cristo – Estudo Bíblico sobre Efésios

6. Filipenses - O segredo da verdadeira alegria: Como viver contente em qualquer circunstância – Estudo Bíblico sobre Filipenses

7. Colossenses - Cristo acima de tudo: A prova definitiva da supremacia de Jesus – Estudo Bíblico sobre Colossenses

8. 1 Tessalonicenses - Vigilância e esperança: Como viver aguardando a volta de Cristo – Estudo Bíblico sobre 1 Tessalonicenses

9. 2 Tessalonicenses - Firme até o fim: A verdade sobre o Dia do Senhor e como perseverar – Estudo Bíblico sobre 2 Tessalonicenses

10. 1 Timóteo - Liderança que inspira: O manual de Paulo para uma igreja saudável – Estudo Bíblico sobre 1 Timóteo

11. 2 Timóteo - Combati o bom combate: As palavras finais de Paulo para perseverar no ministério – Estudo Bíblico sobre 2 Timóteo

12. Tito - Doutrina em prática: Como organizar a igreja para as boas obras – Estudo Bíblico sobre Tito

13. Filemon - Do escravo ao irmão: A lição revolucionária sobre perdão e reconciliação – Estudo Bíblico sobre Filemon

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