Reflexão de Ano Novo: Entenda por que o fim é melhor que o começo – Sermão sobre Sabedoria

Texto básico: Eclesiastes 7.1-14

Introdução

Chegamos ao fim de mais um ano. Essa época é geralmente considerada uma época de reflexão. Fazemos um balanço do ano que se finda e estabelecemos propósitos para o novo ano.

Lembramos de nossas vitórias e alegrias, algumas delas até inesperadas. Mas lembramos também dos fracassos e frustrações que desejamos que nunca mais se repitam.

Alguns acham essa reflexão uma desnecessária perda de tempo. Todos os anos fazemos isso, dizem, e todos os anos novos são iguais. Entretanto, as Escrituras recomendam fortemente essa atitude de reflexão. Elas nos incentivam a considerar os nossos dias para podemos aquilatar o seu valor.

Este estudo levanta algumas questões importantes que devem estar contidas em nossa reflexão de fim de ano e em quantas mais realizarmos na vida.

1. Temos progredido?

A primeira coisa a notar é que a vida não é uma sucessão de ciclos repetitivos de dias. Cada 1º de janeiro é diferente do outro. Cada dia e cada ano tem suas próprias peculiaridades que não podem ser desprezadas.

Nossos dias se sucedem em linha e se dirigem inexoravelmente para a consumação de todas as coisas. Nossa vida tem começo, meio e fim. Esse fim é bem definido e determinado. Nossas ações e experiências se acumulam para formar um todo que no final será julgado por Deus.

E esse fim que realmente interessa. E como chegaremos lá, no final da nossa vida, o que realmente importa. O que fazemos hoje é importante à medida que nos prepara para comparecermos diante de Deus.

Por tudo isso, o pregador anuncia: "Melhor é o fim das coisas que o seu princípio".

Isso não quer dizer que começar algo não é bom. É, dependendo do que nos propusemos a fazer, muito bom. Mas terminar é melhor. Quando acabamos podemos verificar o resultado e proveito do nosso trabalho. Podemos, também, discernir claramente nossos acertos e erros.

O termo "melhor" nesse capítulo diz respeito ao proveito que podemos tirar das situações. Elas podem ser ruins, mas se nos trazem lições para conduzir a vida, então são melhores.

O fim é um momento decisivo. Se tomamos as decisões corretas seremos premiados pelo seu fruto. Mas se erramos no percurso, certamente pagaremos por isso.

Cada dia, mês ou ano que termina deve ser usado como ponto de aferição para sabermos se estamos na direção correta. A soma desses dias comporá aquilo que apresentaremos diante de Deus no último dia, por isso, refletir sobre eles só tem a nos ajudar.

O pregador nos faz outra importante advertência nesse sentido: "Jamais digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? pois não é sábio perguntar assim" (v. 10).

Não podemos ficar olhando para trás, saudosos de situações passadas. Nem podemos desprezar o presente, por pior que ele se mostre. Passado e presente têm o propósito de nos conduzir ao futuro, ao fim. O sábio percebe que seu fim é glorioso, por isso ele é paciente.

Meus dias se dirigem ao trono de Deus? Posso dizer que eles são prova de que eu seria aprovado? Nesse ano, o que eu fiz e busquei mostram que eu estou progredindo na vontade de Deus?

Tome por exemplo o que Paulo escreveu aos filipenses:

Filipenses 3.13-14
Uma coisa faço: esquecendo- me das coisas que para traz ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus.

2. A que coisas damos o maior valor?

Há muitos conceitos sobre progresso. Por isso é importante encontrarmos na Palavra os parâmetros que usaremos para avaliar nossa caminhada em direção ao fim de todas as coisas.

A. O que eu sou é mais importante do que o que eu tenho

"Melhor é a boa fama do que o unguento precioso" (v. 1).

A busca pelos bens materiais é um dos principais elementos do modo de viver deste mundo. As pessoas dedicam sua vida para adquirir ou manter casas, carros, comodidades. Quanto mais abundantes são os bens mais importante seu dono será considerado pelo mundo.

No mundo antigo, os perfumes eram artigos de luxo. Mercadores rodavam o mundo em busca deles e os vendiam a preço de ouro. Aquela mulher que derramou perfume aos pés de Jesus despendeu ali cerca de trezentos denários, o pagamento de um ano de trabalho (Mc 14.5). Um vaso de perfume poderia ser um sinal de riqueza ou a herança de uma pessoa.

Mas, se quisermos a verdadeira vida, devemos saber que há algo melhor do que perfumes preciosos, dinheiro ou bens: a boa fama. Provérbios 22.1 diz:

Provérbios 22.1
Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro.

Eu valho muito mais do que as coisas que eu tenho (ou que não tenho). Jesus nos ensina que a vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes (Mt 6.25).

Preciso investir em mim mesmo. Em meu caráter, em meu testemunho, em minha santidade. Essas coisas me farão bem quisto diante dos homens, mas, principalmente, diante de Deus. Ao invés de acumular tesouros sobre a terra, devo ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19-21).

Sendo assim estarei investindo bem o meu tempo se minha preocupação foi agir com tal retidão, integridade e misericórdia que me prestem como dividendos uma boa fama.

B. Refletir é mais importante que divertir

"Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois nela se vê o fim de todos os homens... Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração."

Não podemos tomar a vida por um parque de diversões. A busca pelo prazer é outra grande característica da humanidade. O sofrimento é visto como um mal que deve ser evitado a toda forma. Haja o que houver, faça o que tiver de fazer, mas não permita a aproximação da tristeza, assim diz o mundo.

Mas a Bíblia nos ensina de um modo diferente. Que lugar onde a dor e o sofrimento estão tão expostos quanto em um funeral? Diante de um caixão podemos perceber, nua e cruamente, a fragilidade e o destino de todos os homens. Não tente se enganar, a dor e o sofrimento fazem parte da sua vida e o atingirão até a morte.

Ao invés de desviar nossos pensamentos e entretermo-nos com risos e prazeres que perderão sua utilidade, devemos refletir e aprender a tratar o nosso tempo de vida com a importância que merece.

Nossa vida é um dom precioso e tão impossível de preservar (por nós mesmos) que precisamos utilizar da melhor forma cada minuto disponível para o nosso aperfeiçoamento. A diversão nos ensina muito pouco, mas a reflexão tem tudo a nos ensinar.

Quando sofremos nos deparamos com nossa debilidade e dependência e podemos crescer em nossa comunhão com o Senhor. Assim, o nosso coração se fortalece e se faz melhor. Neste fim de ano, precisamos nos perguntar como temos enfrentado as dificuldades e tribulações que atravessamos. Se temos buscado o refúgio e a salvação do Senhor, então temos crescido.

3. Percebemos as coisas que nos desviam de nosso propósito?

Muitos são os obstáculos em nossa caminhada em direção à eternidade. Reconhecê-los nos dará melhores condições de sobrepujá-los.

A. Pressões deste mundo

"A opressão faz endoidecer até o sábio" (v.7). O mundo tem um curso que é frontalmente contrário à direção que Deus estabeleceu para seus filhos. Assim, quanto mais nos comprometemos com Deus e seus mandamentos, mais o mundo fará pressão sobre nós para que desistamos.

Paulo escreveu: "... que variadas perseguições tenho suportado!... Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3.12). Jesus nos advertiu que o mundo nos odiaria e perseguiria como fizeram com ele.

Não há novidade, a perseverança faz parte da formação do cristão. Quando o diabo andar ao nosso redor, deveremos resistir-lhe firmes na fé. Você tem agido assim? Tem dito um forte e vigoroso "não" quando pressionado a torcer os princípios da Palavra?

B. Apego às coisas materiais

"O suborno corrompe o coração" (v.7). Já falamos sobre como é mais importante adquirir um bom caráter do que adquirir bens materiais. Entretanto, o nosso coração tende à cobiça e muitas vezes trocamos nossos princípios por algo que se nos oferece neste mundo. Aí está a essência do suborno: fazer algo errado em troca de algum benefício.

Todos nós ficamos diante dessa encruzilhada muitas vezes. A glória desse mundo começa a brilhar e o nosso coração se enfraquece e deseja desviar-se. Somente um compromisso claro e decidido com Deus e sua Palavra pode nos livrar de cairmos e sermos atrapalhados em nossa caminhada cristã.

Temos que reconhecer as coisas que nos seduzem, seja o dinheiro, o prazer, o aplauso dos homens, etc. Seja o que for que tente nos desviar deve ser dura e continuamente combatido se quisermos chegar bem ao final de todas as coisas.

Este mundo pode nos dar muitas coisas que precisamos, mas a sabedoria nos dá o que precisamos e também nos dá a vida (v.12). A vida é nosso bem maior, então, a sabedoria de Deus deve ser o alvo de nossa busca.

Conclusão

Refletir em nossa caminhada é um poderoso exercício à nossa fé. Essa prática nos habilitará a dedicar nossa vida ao serviço de Deus e, em decorrência disso, nos encaminhará a um deleitoso fim. Na vida do cristão o melhor ainda está por vir. Mas para quem não busca a Cristo, um terrível julgamento o aguarda.

Temer ao Senhor e guardar os seus mandamentos é o melhor da sabedoria. Busque-a e veja como será glorioso o fim de todas as coisas.

Aplicação

Faça nesses dias as perguntas apresentadas em nossa lição. Responda-as sinceramente e aja no intuito de corrigir tudo o que estiver fora do padrão de Deus.

Autor: Dário de Araújo Cardoso


Lista de sermões da série

1. Ano Novo, Maturidade Nova: Deixe a infantilidade espiritual para trás – Sermão sobre Crescimento

2. Balanço de Ano Novo: O segredo de Salomão para não correr atrás do vento – Sermão sobre Propósito

3. Reflexão de Ano Novo: Entenda por que o fim é melhor que o começo – Sermão sobre Sabedoria

4. O Deus do Ano Novo: Confie no Senhor do ontem para o seu amanhã – Sermão sobre Confiança em Deus

5. Metas para o Ano Novo: Como definir alvos que levam ao prêmio celestial – Sermão sobre Alvos Espirituais

Semeando Vida

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