Malaquias 3.10
Deus precisa de dinheiro? Claro que não. Pelo contrário, ele mesmo é o dono da prata, do ouro e de todas as coisas no céu e na terra.
Mas se ele não precisa, por que o membro da igreja tem responsabilidades financeiras com a mesma? Por que levar dinheiro para a igreja e por que entregar parte do salário lá?
O estudo bíblico de agora procura responder estas e outras perguntas, tomando como base a palavra de Deus. Sendo assim, ao verificarmos o que a Bíblia diz, teremos uma ideia real do que Deus quer de nós e como devemos nos comportar diante de um assunto tão difícil e polêmico.
Antes, porém, de falar em dinheiro, veremos o que o Senhor quer dos seus filhos; também veremos o que a Bíblia ensina sobre dízimos e ofertas, que são as únicas formas de arrecadação que encontramos nas Escrituras.
Finalmente veremos que o Senhor quer de seus filhos zelo não somente para a igreja enquanto imóvel, mas a responsabilidade dos irmãos para com a obra de Deus.
Este estudo é muito importante para os crentes atuais, pois vivemos num contexto em que a relação igreja-dinheiro tem sido alvo de críticas duras, ímpias e desonestas.
Dessa forma, precisamos resgatar o ensino bíblico a respeito deste assunto, para que todos possam participar com fé e confiança no Senhor e assim serem ricamente abençoados.
I. O princípio da dedicação e da doação
O cristão deve dedicar todo seu coração a Deus (Pv 23.26), não só o dinheiro. Deus quer algo que vale mais, quer o coração. Na Bíblia, coração representava o centro da vontade, a inteireza do ser e as emoções.
No texto de Provérbios acima, Deus pede o coração aos seus filhos. Não pede que sejam dizimistas ou que dediquem apenas uma parte de si para a obra. Ele quer tudo: coração, vontade, razão e emoção. Quer a família, nossas ansiedades, alegrias e tristezas.
Tudo vem de Deus, tudo é dele e tudo deve ser devolvido com gratidão e fidelidade. Infelizmente, há muitos que enviam seus dízimos mensalmente à casa do Senhor, mas não são servos fiéis (Mt 23.23); ou ainda, quando chegam os problemas, tornam-se "consagrados”, mas com interesse de se verem livres da adversidade.
A Bíblia, entretanto, nos ensina que devemos estar prontos para dar tudo que somos e temos para a obra de Deus, conforme veremos nas passagens a seguir.
A. É mais feliz quem dá do que quem recebe (At 20.35)
Nesta passagem, o apóstolo Paulo está reunido com os presbíteros da igreja de Éfeso, dando-lhes sua última palavra de recomendação, pois estava de partida para Jerusalém. O v. 33 é uma recomendação do apóstolo que se completa no v. 35.
É uma recomendação feita para a igreja de Éfeso, mas cujo princípio pode ser válido para os crentes de hoje. Assim, entendemos que a igreja deve ser bênção neste mundo e não viver às custas dele.
Aplicando para os dias atuais, o crente deve olhar para o reino de Deus não com olhos interesseiros, procurando beneficiar-se dele; deve agir como um soldado que serve a um exército e por isso doa-se para a causa. Há igrejas cheias de pessoas atrás de receber, mas o princípio cristão é o de doação.
B. É mais amado por Deus aquele que dá com alegria (2 Co 9.7)
Além de seguir o princípio bíblico da doação, o cristão deve atentar para as palavras inerrantes do apóstolo Paulo no texto acima.
Nesta passagem ele começa a falar de uma realidade rural e bastante óbvia: quem planta muito, colhe muito; quem planta pouco, colhe pouco. Veja que a ideia é de doar, entregar, investir.
O fato é que o apóstolo está, na verdade, ensinando uma realidade espiritual relacionada com o reino de Deus. Para quem investe muito na causa de Cristo, o retorno será glorioso. Observe que o contexto está relacionado mesmo com dinheiro.
Paulo está fazendo uma coleta entre as igrejas para ajudar a igreja de Jerusalém que passava por momentos difíceis, havendo muitos famintos entre seus membros. O princípio para a igreja de hoje é mais do que dar, é dar com alegria, pois assim estaremos plantando muito.
C. Jesus está observando (Lc 21.1-4)
O Senhor se agrada mais quando damos do que quando saímos em busca de recebimento. Mas também devemos dar com alegria. Porém, uma coisa a mais ele faz.
No texto acima vemos Jesus assentado diante do gazofilácio (caixa com uma pequena abertura para as pessoas colocarem dinheiro para a igreja). Ele observa a disposição do coração da pessoa que está dando, nem tanto os valores.
Então vemos uma viúva pobre colocando lá duas moedinhas, depois que os ricos lançaram grande soma. Aquela mulher deu tudo o que tinha, os ricos não. Ela confiou mais, depositou não só o dinheiro, mas a sua confiança aos pés do Senhor.
É desta doação que Deus se agrada; ele não quer esmolas, trocados ou sobras do mês, ainda que isso represente uma grande soma. Ele, que vê os corações, quer que, além de darmos com alegria, tenhamos a disposição, pela fé, de dar tudo a ele.
Vimos, portanto, que Deus está interessado na disposição do coração de seus filhos: alegria e prontidão para darem tudo de si. Demonstrando dessa forma que confiam mais nas promessas do Pai do que na quantia que recebem mensalmente. Pela fé têm prazer no sacrifício, para a glória do Senhor. Medite em 2 Samuel 24.24.
II. Quando o dízimo começou a ser entregue
Dízimos e ofertas são os meios bíblicos que o crente fiel tem para colocar em prática os princípios de doação e dedicação já vistos. Mas o que a Bíblia diz sobre isto?
A. O dízimo já existia antes da lei (Gn 14.18-20 cf. Hb 7.2-4; Gn 28.22)
O dízimo não pode ser visto simplesmente como forma de manutenção da igreja, pois antes mesmo dela, os filhos de Deus já tinham esta prática. Assim, quando entregamos dízimos e ofertas em nossa igreja estamos, em primeiro lugar, entregando ao Senhor.
Nesse sentido, há muitas pessoas que, por não concordarem em alguma coisa da direção da igreja, passam a administrar o próprio dízimo.
Não há ordem para esta prática na palavra de Deus; conforme exorta Malaquias, os valores devem ser trazidos para a casa de Deus. Portanto, quando separamos o dízimo é para o Senhor que o fazemos.
O dízimo não começou com a lei de Moisés. Pelo contrário, o patriarca Abraão, ancestral distante de Moisés, bem como Jacó, já entregavam seus dízimos.
Alguns crentes hoje não entregam seus dízimos a Deus por entenderem que esta é uma atividade própria da lei não tendo validade para nós hoje. Entretanto não é este ensinamento que vemos nas Escrituras.
B. O dízimo já existia durante a lei (Lv 27.32; Nm 18.26; Dt 12.17)
O Senhor Deus não permitiu que a entrega dos dízimos ficasse num passado distante; deu continuidade, fazendo-a passar pelo período da lei. Israel como nação deveria observar esta prática, pois Deus assim o requeria.
O dízimo era então considerado:
- 1º santo ao Senhor (Lv 27.32);
- 2º oferta ao Senhor (Nm 18.26);
- 3º exclusivo do Senhor (Dt 12.17).
No tempo dos profetas, a prática continuou. Malaquias declara que o dízimo é obrigatório e é utilizado para a manutenção da casa do Senhor.
Ao descumprir esta lei, exorta o profeta, o crente é tido por ladrão, mas ao cumpri-la, promete, as janelas do céu se abrirão (Ml 3.8-10).
Jesus não veio abolir ou revogar a lei (Mt 5.17), mas cumpri-la. A não ser quanto aos sacrifícios e o culto do Antigo Testamento que eram sombras da vinda de Cristo e nele se cumpriu (Hb 9.23-28), muitos aspectos da lei continuam até os dias de hoje, com por exemplo, a lei moral (Êx 20.1-17). Assim sendo, a prática de entrega dos dízimos deve ser continuada na igreja.
C. O dízimo continuou a existir como mandamento no Novo Testamento (Mt 23.23)
Como vimos o dízimo não está preso à lei. No texto acima, Jesus declara que a prática do dízimo deve ser observada; ele confirma o princípio da doação e dedicação a dizer que devemos ser zelosos na entrega dos dízimos, sem, porém, nos esquecermos ou negligenciarmos os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé.
Veja que Jesus chama a justiça, misericórdia e fé de preceitos da lei; dessa forma, se a pessoa não é dizimista por causa da lei, ela não deveria exercitar esses três importante preceitos, pois segundo o texto eles fazem parte da lei.
Vimos, então, que o princípio da doação percorre toda a Bíblia e junto deste princípio encontramos a forma de aplicá-lo na prática, que é através dos dízimos e ofertas.
Vimos também que não há margem bíblica que apoie a revogação deste princípio. Dando sequência, no próximo ponto veremos onde e por que dedicarmos nossos dízimos.
III. O dinheiro e a manutenção da casa de Deus
O cristão deve estar disposto a entregar-se à obra de Deus. Na prática uma das maneiras é dedicar os dízimos de sua renda. O que isso representa?
O dinheiro entregue na igreja é dedicado a Deus. O profeta Ageu inicia seu livro mostrando que o Senhor faz uma comparação entre a casa dos crentes e a sua própria casa, o templo (Ag 1.1-11).
Membros com casas confortáveis e bem construídas; manutenção em dia e limpas, enquanto que o templo jazia em ruínas. Deus observa tudo isso e considera falta de amor e zelo por parte dos seus filhos. Por isso estabelece uma sentença.
Leia Ageu 1.6. O descaso pela obra acabava sendo refletido na própria vida daquele povo ingrato.
Não significa simplesmente que Deus quer morar numa casa bonita e bem equipada; ele quer que seu povo tenha zelo, cuidado e amor * pela sua obra.
O fato da igreja estar em ruínas não significa necessariamente desorganização administrativa, mas pode significar, na verdade, falta de amor pelo Senhor e talvez seja por isso que alguns crentes veem com dificuldade o fruto do trabalho de suas mãos. Vemos, portanto, que para dedicar nosso dinheiro ao Senhor, o meio é a igreja.
Deus quer mais do que dinheiro, quer a demonstração prática da nossa fé (Hc 2.4). Assim, para dedicarmos o fruto do nosso trabalho ao Senhor, é preciso que o amemos de verdade e não apenas com palavras. O dízimo é assim uma prova prática do nosso amor por Deus. Isso exige fé e é por ela que o justo vive.
Vemos, portanto, que o dinheiro que dedicamos ao Senhor é a expressão de algo maior que o valor monetário das cédulas; os dízimos e ofertas são a representação da fé e da confiança do seu povo que sabe que o Senhor vai suprir todas as necessidades por causa da sua fidelidade, zelo e amor à obra. Entendemos também que dedicando os dízimos e ofertas à igreja na qual somos membros, estamos dedicando ao Senhor e não aos homens.
Esses valores são utilizados como bênçãos de Deus nos recursos locais, mas também nas causas espirituais como a evangelização, missões e ação social da igreja local, bem como da denominação.
Enfim, o dinheiro dado a Deus é abençoado e multiplicado para que a causa de Cristo possa prosperar dignamente neste mundo. Será que todos na igreja têm participado desta grande obra desafiadora?
Conclusão
Deus não precisa de dinheiro. Ele utiliza determinados meios como instrumentos para atingir seus propósitos; ele requer parte do salário, fruto do trabalho dado por ele mesmo para abençoar a sua igreja e seu povo.
Portanto, quando entregamos nossos dízimos na igreja, não estamos ajudando a igreja. Na verdade, devolvemos o que nos foi dado.
Além disso, ao dedicar os dízimos, pagamos, pois é uma ordem do Senhor e não podemos falhar, sob pena de nos encontrarmos na mesma situação narrada pelo profeta Ageu.
Ao fazer isso, atendemos pela fé as exigências de Deus que, ao mesmo tempo quer que façamos com alegria, obediência e disposição cristã.
Desafio
Faça um balanço de sua vida, ou como disse o profeta Ageu ao povo: “Considerai o vosso passado”. Como Deus tem agido? Se for o caso, ore para que o Senhor mostre, de fato, o que significa “o justo viverá por fé” e assim viva; não pela confiança na capacidade pessoal, no trabalho ou na situação financeira do país, mas pela fé.
Autor: Dráusio Piratininga
Lista de estudos da série
1. O Primeiro Trabalhador: Descubra a origem divina e o propósito do seu trabalho – Estudo Bíblico sobre a Teologia do Trabalho2. Do Paraíso ao Suor: Entenda por que seu trabalho é tão difícil e como redimi-lo – Estudo Bíblico sobre a Queda
3. Além do Salário: Descubra o verdadeiro chefe a quem você serve todos os dias – Estudo Bíblico sobre Propósito
4. Chamado ou Capacidade?: O segredo para alinhar seus dons naturais ao plano de Deus – Estudo Bíblico sobre Vocação
5. Cristão no Comando (ou na Equipe): Um guia prático de ética para líderes e colaboradores – Estudo Bíblico sobre Liderança
6. Quando o Lucro Vira Ídolo: Os 3 perigos de amar o dinheiro mais do que a Deus – Estudo Bíblico sobre Ganância
7. Salário Retido, Justiça Clamando: Como a Bíblia denuncia a opressão no trabalho – Estudo Bíblico sobre Justiça Social
8. Provisão ou Presença?: O segredo para equilibrar carreira e família sem perder nenhum dos dois – Estudo Bíblico sobre Família
9. Da Sala de Reunião ao Lar: O plano de Deus para a mulher que trabalha – Estudo Bíblico sobre a Mulher na Sociedade
10. A Pausa Sagrada: Por que o descanso não é luxo, mas um mandamento divino – Estudo Bíblico sobre o Sábado
11. Deus Não Quer Seu Dinheiro: Descubra o que Ele realmente espera de suas finanças – Estudo Bíblico sobre Dízimos e Ofertas
12. A Verdadeira Riqueza: Aprenda a administrar seus bens como um fiel mordomo de Deus – Estudo Bíblico sobre Mordomia
13. Seu Talento, Sua Missão: Por que o voluntariado é uma das formas mais poderosas de trabalho – Estudo Bíblico sobre Serviço