Os símbolos bíblicos das atividades do Espírito Santo


Resumo
  • O autor explica os símbolos bíblicos das atividades do Espírito Santo, que estão relacionados com o batismo com água. 
  • O autor cita exemplos de símbolos como a água aspergida, o vento, o fogo e a pomba. 
  • O autor defende que esses símbolos representam a purificação dos pecados, a renovação da vida, o poder e a graça do Espírito Santo na vida dos crentes.
Ao deixar os seus, Nosso Senhor Jesus Cristo ordenou-lhes que fossem pelo mundo fazendo discípulos de todas as nações e batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e "do Espírito Santo (Mateus 28:19).

Ordenou-lhes mais, "que não saíssem de Jerusalém, mas esperassem a promessa feita pelo Pai, a qual (disse Ele) de mim ouvistes; pois João, na verdade batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias (Atos 1 A e 5).

Vemos, portanto, que, de acordo com a promessa feita pelo Pai, Jesus ia batizar os seus discípulos com o Espírito Santo e que eles, por sua vez, deviam batizar com água os que fossem regenerados pelo poder do Espírito Santo derramado.

O batismo com água seria o sinal exterior da graça interna operada pelo batismo do Espírito Santo. Não Há nenhuma razão para supor que o batismo com água, quanto ao modo da sua administração, fosse diferente do derramamento do Espírito Santo sobre os que cressem no Evangelho.

Tendo Jesus empregado a palavra batizar para significar o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes e tendo empregado a mesma palavra batizar para significar o batismo que devia ser administrado com água, a conclusão natural e lógica é que o batismo com água devia ser feito do mesmo modo que se fizera o batismo com o Espírito Santo, isto é, por derramamento ou aspersão.

Os atos de aspergir e derramar, praticamente, são idênticos, havendo apenas uma diferença na quantidade de água empregada, mas nesses dois atos a água desce sobre o batizando, assim como o Espírito Santo desceu sobre os discípulos. Tratando-se de um ato simbólico, a quantidade de água empregada não faz nenhuma diferença.

Na promessa do Pai, feita já no Velho Testamento, e a que Jesus aludiu, temos uma confirmação do que afirmamos. Eis a promessa: "Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos sonharão, terão visões os vossos mancebos; também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito (Joel 2:28 e 29).

Essa promessa foi cumprida naquele memorável dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado, com poder, sobre os discípulos de Jesus.



Há outra promessa semelhante em Isaías 52:15. Lemos com referência a Jesus: "Assim borrifará muitas nações". Comentando essa passagem, diz Mathew Henry, um dos mais abalizados interpretes da Bíblia:

"Muitas nações, serão por Ele melhoradas, porque Ele as aspergirá, e não somente os judeus; o sangue da aspersão será aplicado às suas consciências para purificá-las. Ele sofreu, e morreu e assim borrifou muitas nações; porque na sua morte foi aberta uma fonte. Zacarias 13:1. Ele aspergirá a muitas nações pela sua doutrina celestial, que cairá como a chuva e destilará como o orvalho. Moisés assim fez sobre tão somente uma nação (Deuteronômio 32:2), mas Cristo sobre muitas nações. Ele o fará pelo batismo, que é o lavar do corpo com água pura, Hebreus 10: 22. De modo que esta promessa teve o seu cumprimento quando Cristo mandou os seus apóstolos fazer discípulos de todas as nações, batizando-as ou aspergindo-as" (Henry's Commentary, Vol. V. pag. 300).

Em Ezequiel 36:25-27, encontramos ainda outra promessa do Pai que é pertinente ao assunto.

"Aspergirei sobre vós água pura, e ficareis purificados: de toda a vossa imundícia, e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Também vos darei um coração novo e dentro de vós porei um Espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós porei o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus JUÍZOS e os praticareis."

Nesta ultima passagem há três conceitos que estão intimamente ligados uns aos outros, a saber:

1 - A água aspergida que é símbolo da purificação de pecados. As purificações do Velho Testamento qualificadas no Novo Testamento, de vários batismos (Hebreus 9:10), eram feitas por aspersão, como teremos ocasião de verificar. Essas aspersões com água ou com sangue eram sombras ou tipos do sangue purificador de Nosso Senhor Jesus Cristo.

2 - A regeneração do pecador na qual Deus tira-lhe o velho coração e dá-lhe um novo, sendo ainda a água apenas o símbolo dessa regeneração ou purificação espiritual.

3 - O Espírito Santo que Deus promete pôr, dentro dos seus remidos, sendo o Espírito Santo o Agente de Deus na obra da regeneração. O regenerado é um batizado com o Espírito Santo.

Na passagem citada de Joel temos a promessa do batismo do Espírito que foi derramado no dia de Pentecostes.

Na passagem citada de Isaías temos uma referência ao futuro batismo com água que Jesus havia de ordenar (Mateus 28: 19) e que seria feito por um borrifar das nações, sendo esse borrifar um símbolo da purificação espiritual.

E, finalmente, na terceira passagem citada do livro de Ezequiel temos uma combinação dos três fatores: (1) A água simbólica aspergida, (2) a regeneração do pecador e (3) o Espírito Santo, o Agente de Deus na obra da regeneração.

Da comparação e combinação dessas passagens, torna-se evidente que: (1) o Espírito Santo é derramado, (2) Ele produz a regeneração e (3) a regeneração é simbolizada pela água do batismo que também é derramado ou aspergido sobre o batizando.



Concluímos, portanto, que é esse o modo de batizar que está mais de acordo com os textos bíblicos que versam sobre o assunto.

Depreende-se dos estudos já feitos que a água do batismo cristão é o símbolo bíblico do Espírito Santo derramado sobre os que se convertem e que, por isso, as águas do batismo devem ser derramadas sobre os convertidos.

Mas, alguém poderá objetar que as atividades do Espírito Santo, sendo exclusivamente espirituais, não devem ser representadas materialmente, e, no entretanto, são as próprias Escrituras que empregam o derramar ou aspergir de água para indicar as atividades do Espírito Santo (Isaías 44:3; 32:15; 52:15; Ezequiel 36:25-27 e comparar João 7: 39 com Atos 2:33).

Vários símbolos da atividade do Espírito Santo
Se alguém ainda duvidar que as atividades do Espírito Santo possam ser representadas por formas ou símbolos materiais, terá de se convencer disso estudando os outros vários símbolos bíblicos das atividades do Espírito Santo, visto como, esses símbolos materiais são empregados pelo próprio Deus.

Vento
O vento é empregado por Deus como símbolo do Espírito Santo e das suas atividades. O Espírito Santo é, por assim dizer, o sopro de Deus. "O vento sopra onde quer", disse Jesus, "e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3:8).

No dia de Pentecostes, um ruído, como de um vento impetuoso, encheu toda a casa onde os discípulos estavam reunidos, e todos ficaram cheios do Espírito Santo (Atos 2:2). Note-se bem que foi o ruído que encheu a casa e não o vento.

Os discípulos não foram envolvidos pelo vento, como querem alguns imersionistas.

Para simbolizar o dom do Espírito Santo que havia de derramar sobre os seus discípulos, Jesus soprou sobre eles, "dizendo: "Recebei o Espírito Santo" (João 20:22). Não Há nenhuma imersão no vento simbólico do Espírito Santo, mas Há antes uma descida dele sobre os recipientes. Jesus soprou sobre eles.

O vento simbólico do Espírito Santo é sugestivo do poder divino e da atividade misteriosa do Espírito de Deus.

Quando recebemos o Espírito Santo, temos Deus em nós. Os nossos corpos são templos do Divino Espírito e quando a Ele nos entregamos, sem reservas, temos os poderes da onipotência conosco e nos tornamos invencíveis. "Se Deus é por nós, quem será contra nós?"

Já tivemos ocasião de comentar o caráter misterioso das atividades do Espírito Santo. Não sabemos donde vem nem para onde vai.

Não sabemos porque algumas pessoas se convertem, pelo seu poder, e outras não. Às vezes, as pessoas que dão pouca esperança de se converterem abraçam a salvação muito antes daquelas que davam muita esperança. É esse um mistério, mas quando qualquer pessoa é, de fato, tocada pelo Espírito Santo, isso resulta na sua conversão e na santificação do seu caráter.



Fogo
O fogo também é empregado por Deus como símbolo do Espírito Santo. João Baptista disse que Jesus havia de batizar com o Espírito Santo e com fogo.

Essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, da seguinte forma: "Apareceram-lhes umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo" (Atos 2:3,4). Esse batismo com fogo não foi por imersão, visto como, as línguas de fogo repousaram sobre os discípulos.

Como símbolo das atividades do Espírito Santo, o fogo significa purificação e ardor. O fogo do Espírito Santo queima e destrói as impurezas do nosso coração e o nosso caráter é purificado como o ouro metido no cadinho.

Batizados com o fogo abrasador do Espírito Santo, ardemos em zelo pela causa de Cristo. Tornamo-nos entusiastas por Deus, porque temos dentro de nós o seu fogo divino. Não faltará entusiasmo no trabalho de Deus para os crentes que estiverem cheios do Espírito, Santo.

Óleo
O óleo também é empregado nas Sagradas Escrituras como símbolo do Espírito Santo. Os profetas, os sacerdotes e os reis do Velho Testamento eram ungidos em testemunho da sua separação para os seus ofícios. Esse óleo era típico do Espírito Santo (1 Samuel 10:1,6 e 16:12 e 13).

Jesus foi também ungido com o Espírito Santo, quando consagrado ao seu ministério (Lucas 4:18 e Atos 10:38). A pessoa consagrada pelo óleo, típico do Espírito Santo, não era mergulhada no óleo, mas derramava-se o óleo sobre a cabeça (Salmos 23:5).

Depreende-se, portanto, que o modo bíblico de representar a ação purificadora e consagradora do Espírito Santo é pelo derramamento de óleo, ou de água sobre a cabeça da pessoa consagrada. Devia ter sido essa a significação do batismo de Jesus por João.

Como Jesus não era pecador, as águas do batismo, com referência à sua pessoa, não podiam significar a purificação de pecados, mas antes deviam representar a sua consagração ao seu ministério. Foi ungido para ser o nosso Profeta, Sacerdote e Rei. As palavras Messias e Cristo significam O Ungido.

Ainda hoje quem recebe o Espírito Santo tem sido ungido por Deus e tem sido separado para o seu serviço. Cada um de nós tem uma missão para desempenhar no mundo. Somos habilitados a desempenhar bem a nossa missão, quando recebemos o dom do Espírito Santo. Quem quiser desempenhar bem a sua missão, precisa de ser consagrado a Deus pela unção do Espírito Santo.

Pomba
Foi por ocasião do batismo de Jesus que apareceu mais um símbolo do Espírito Santo; uma pomba que desceu sobre Jesus em forma corpórea (Lucas 3:21,22; João 1:32,33; Marcos 1:9-11 e Mateus 3:16,17). Mais uma vez, vemos que o Espírito Santo desce sobre a pessoa ungida, mas não a envolve. Sempre que se trata do dom do Espírito Santo, Ele desce ou é derramado. Não Há imersão.

De certo, a pomba foi escolhida para simbolizar o Espírito Santo, por causa da sua inocência e candura. É uma ave mansinha e incapaz de fazer qualquer mal. Jesus recomendou que os seus discípulos fossem prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mateus 10:16).

Quem é batizado com o Espírito Santo consegue possuir a simplicidade da pomba, pois adquire a inocência, em virtude da justiça de Cristo que lhe é atribuída, e alcança a candura, porque o Espírito Santo lhe elimina do coração a malicia e o rancor.

O leitor que nos tiver acompanhado até este ponto terá percebido como são multiformes e exuberantes as atividades do Espírito Santo no coração humano. Quanto não está incluído na regeneração e santificação do pecador?



E tudo isso é obra do Espírito Santo. Há nas Escrituras muitas figuras, analogias, comparações e símbolos que nos ajudam a compreender a importante e gloriosa obra do Espírito Santo em nossos corações.

A regeneração do pecador é representada nas Escrituras Sagradas por muitas figuras significativas. Ela é ao mesmo tempo
  • Novo nascimento (João 3:3)
  • Enxertar em Cristo como a vara na videira (João 15:5)
  • Despir-se da roupa suja e o vestir de roupa limpa (Efésios 4:22-24)
  • Crucificação do velho homem e a ressurreição do novo (Romanos 6:5-8; Gálatas 2:20)
  • Sepultamento e ressurreição para uma nova vida (Romanos 6:4; Colossenses 2:12)
  • Substituição de um coração de pedra por um de carne (Ezequiel 36:26)
  • Edificação de uma casa (Efésios 2:22), um lavar de pecados (Tito 3:5; Ezequiel 36:25)
  • Cancelamento de uma escritura de divida que havia contra nós (Colossenses 2:14).

O batismo significa tudo isso e muito, muito mais, mas, notemos bem, o batismo não pode, a um mesmo tempo, simbolizar tudo isso. Há uma grande diferença entre significar e representar simbolicamente. Um dado símbolo, para ser significativo precisa de representar somente uma figura ou uma ideia. Se assim não fosse, resultariam confusões e incongruências.

Como podemos imaginar um símbolo que, ao mesmo tempo, represente uma pessoa, lavando-se, vestindo-se, sendo enterrada e ressuscitada, sendo empregada como pedra em uma obra de construção e sendo enxertada como vara em uma videira?

A regeneração pode ser explicada por meio de todas essas ilustrações ou figuras analógicas, mas, quando se trata do batismo, como símbolo, está claro que não pode representar tudo isso literalmente e de uma só vez.

É necessário que se escolha uma dessas muitas figuras para ser representada singelamente por um símbolo. Deus devia ter escolhido a ideia principal ligada à regeneração do pecador para ser simbolizada.

E qual é essa ideia principal? De acordo com as exposições já feitas, a ideia principal é o lavar dos pecados pelo batismo ou derramamento do Espírito Santo. O melhor modo de representar, simbolizar, ou dramatizar isso, é, sem duvida, derramar as águas lustrais do batismo sobre o batizando.

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