Em nossa reflexão passada sobre o tema, demonstramos três propósitos divinos com esse ato. São eles: servir de consolo, motivar a louvar a Deus e estimular a prática da evangelização. Na presente meditação, nosso objetivo é combater algumas concepções equivocadas sobre essa doutrina.
1. A eleição não se baseia no pré-conhecimento de Deus sobre nossa fé
Há aqueles que entendem essa doutrina a partir da perspectiva de que Deus elege aqueles que ele sabe que terão fé. Isto é, aqueles que Ele vê que terão fé são predestinados para a salvação, e aqueles que não a terão são eleitos para a perdição.
Todavia, essa compreensão está equivocada, uma vez que Deus não predestina as pessoas por aquilo que há dentro delas ou por aquilo que elas farão. A fé salvífica é um dom de Deus (Ef 2.8); portanto, o que Deus faz na predestinação é fornecer aquilo que Ele mesmo já havia determinado (Rm 8.29).
2. A eleição não significa que o homem não tem responsabilidade
Outra afirmação equivocada é que, se Deus predestinou, então o homem não tem responsabilidade alguma sobre sua salvação ou perdição. Essa compreensão está errada, visto que o próprio Jesus atribuiu responsabilidade a seus oponentes pela escolha deliberada em rejeitá-lo.
Ele disse: “Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra” (Jo 8. 43). Em Romanos 1, Paulo fala que os incrédulos são indesculpáveis porque a própria criação é testemunha da existência de Deus.
3. A eleição não é injusta
Alguém pode afirmar que a eleição é injusta porque Deus escolhe uns para a salvação e outros não. Essa ideia está errada por dois motivos fundamentais. Primeiro, Deus seria absolutamente justo se ele não salvasse ninguém, tal como ele fez com os anjos que se rebelaram contra ele (Jd 6).
Sendo assim, a eleição é, antes, uma manifestação da misericórdia de Deus. Segundo, é uma obra que está ligada ao exercício da plena soberania de Deus, conforme explica Paulo em Rm 9.20-24.
Portanto, “quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim”?
Conclusão
A eleição é uma obra divina e plenamente perceptível na Escritura. Ela é a confirmação daquilo que Deus se dispôs a fazer desde os tempos eternos, e isso não tira a responsabilidade do homem pela sua rejeição a Deus. Consequentemente, ela, a eleição, não é injusta. Que Deus seja engrandecido pela sua misericórdia e que nos portemos com humildade e gratidão diante da soberania do Senhor.
ÍNDICE
A eleição (1) - O ensino no Antigo e Novo Testamento
A eleição (2) - Consolo, louvor e evangelização
A eleição (3) - Concepções equivocadas
ÍNDICE
A eleição (1) - O ensino no Antigo e Novo Testamento
A eleição (2) - Consolo, louvor e evangelização
A eleição (3) - Concepções equivocadas