1 Timóteo 6.10
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
É um ensino claro da Palavra de Deus que toda riqueza pertence a Ele, e nós somos apenas seus administradores. Só Deus tem o direito de propriedade; a nós, foi concedido o direito de posse, ou seja, o privilégio de usar os bens materiais enquanto estamos neste mundo.
O cristão verdadeiro reconhece que é Deus quem lhe dá a capacidade de adquirir recursos (Deuteronômio 8.18).
O Senhor mesmo declara: "Eu fiz a terra, o homem e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder e com o meu braço estendido, e a dou a quem me agrada" (Jeremias 27.5).
Visto que esses bens nos são confiados por meio da bondade de Deus, o bom mordomo procura usar as riquezas para o bem da humanidade e para a expansão do Reino.
Ele considera um privilégio ajudar aqueles que, por diversas circunstâncias, enfrentam dificuldades e estão privados do necessário para sua subsistência.
O que o dinheiro representa
Quando uma pessoa trabalha, ela investe horas de sua vida e recebe em troca recursos financeiros. Esse dinheiro, portanto, representa uma porção de sua energia física e mental, transformada em um meio para adquirir o necessário para seu sustento. É parte da sua vida gasta em uma atividade.
Por isso, não é exagero dizer que o dinheiro é personalidade armazenada ou, de certa forma, vida transformada em valor financeiro.
Para ilustrar esse conceito, considere a seguinte carta, que reflete o coração de um pai que deixou uma herança para sua filha. O princípio, no entanto, é universal e se aplica a qualquer pessoa que dedica sua vida para abençoar outra.
"Minha filha, deixo a você uma quantia no banco e espero que seja suficiente para suas necessidades. Quero que você pense nesse valor não apenas como dinheiro, mas que se lembre de que ele é parte da minha vida, dedicada ao seu bem-estar.
Nesse dinheiro estão empregadas muitas das minhas melhores horas, por muitos e muitos anos. Nele está meu cérebro, com as melhores ideias que tive; minha força física, minha energia e meu amor estão todos armazenados aí, e agora passam para você.
Espero que, ao usar esses recursos, você se lembre de que está, de fato, usando a vida de seu pai. Peço, portanto, que não o desperdice, mas que o use como usaria meu tempo, meu esforço e meu amor."
Essa perspectiva transforma nossa relação com as finanças. Quando gastamos, investimos ou doamos, estamos alocando fragmentos de nossa própria vida.
A mordomia no ganhar
1. A arte de gerar recursos
A Bíblia em nenhum lugar condena a aquisição de bens. Pelo contrário, ela nos encoraja a desenvolver os dons que Deus nos deu. Nas parábolas dos talentos e das minas, Jesus deixou claro que a capacidade de gerar recursos é um dom a ser cultivado.
Aproveitar as oportunidades de trabalho com inteligência e dedicação é algo positivo. No entanto, fazer disso o fim principal da vida é um erro grave. É o amor ao dinheiro, e não o dinheiro em si, que é a raiz de todos os males e que leva muitos à ruína espiritual (1 Timóteo 6.7-10).
2. O perigo da riqueza
Certa senhora, em uma reunião de oração, pediu que orassem por seu filho, pois ele estava ganhando muito dinheiro. A aquisição rápida de uma fortuna pode se tornar um perigo se não for acompanhada de maturidade espiritual.
Contudo, se o crescimento financeiro for acompanhado com joelhos no chão e olhos nos céus, os recursos podem se tornar uma grande bênção para o mundo.
Todo bom mordomo faz de Deus o sócio principal de seus negócios e finanças. Quem busca a orientação do Senhor para administrar seu dinheiro não correrá o risco de ser dominado por ele.
3. O princípio da honestidade
Na mordomia do ganhar, a honestidade é absolutamente essencial. Seja no pouco ou no muito, essa deve ser a regra número um de nossas transações. Se o negócio em que estamos, como empregados ou empregadores, fere nossa consciência cristã, devemos abandoná-lo. O dinheiro ganho desonestamente queima as mãos de quem o possui.
Devemos nos precaver contra as muitas formas sutis de desonestidade, como: tomar dinheiro emprestado sem a intenção ou a possibilidade de pagar; tirar vantagem da ignorância de outra pessoa em um negócio; pagar menos do que o valor justo pelo trabalho de alguém; ou usar para um fim um dinheiro que foi destinado para outro.
A mordomia no usar
1. A responsabilidade de quem tem
Não é fácil ganhar dinheiro de forma honesta, mas é ainda mais desafiador usá-lo com sabedoria. Paulo instrui Timóteo a ordenar aos ricos que "não sejam orgulhosos, nem ponham a esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" (1 Timóteo 6.17-19).
Quem tem muitos recursos, tem uma grande responsabilidade. Um exemplo disso foi D. Ida Bottoms, uma cristã americana que distribuiu sua fortuna para o avanço do evangelho em vários países, incluindo o Brasil. Ela sentia a profunda responsabilidade de administrar bem os bens que Deus havia confiado a seus cuidados.
2. A responsabilidade de todos, independentemente da renda
Temos a tendência de pensar que apenas os ricos podem ser mordomos infiéis. A verdade, porém, é que a infidelidade na administração pode ocorrer em qualquer nível de renda. Na parábola de Jesus, foi aquele que tinha menos quem não soube administrar sua porção.
A economia e a boa administração são princípios para todos. A palavra "economia" vem da mesma raiz grega de "mordomia" (oikonomia). Um bom mordomo sabe administrar os bens que Deus lhe deu, por mais modestos que sejam.
O problema de muitos não é a falta de recursos, mas a falta de método para gastar. Um bom hábito financeiro é ter um orçamento para as despesas. Pessoas e casais que planejam suas finanças aprendem a viver dentro de suas possibilidades e a se preparar para imprevistos. A forma como lidamos com o dinheiro revela muito do nosso caráter.
Nosso modelo: Jesus
Jesus, o Criador de todas as coisas, escolheu viver de forma simples. "As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8.20). Ainda assim, Ele precisava de recursos para seu ministério e, por isso, escolheu um tesoureiro, Judas.
O silêncio das Escrituras sobre os detalhes financeiros de Jesus nos ensina que o dinheiro ocupa um lugar subordinado aos interesses do Reino. Ele não é um fim em si mesmo, mas um meio para um propósito maior.
No milagre da multiplicação dos pães, Jesus nos deu uma lição de economia ao ordenar: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca" (João 6.12). Ao pagar o imposto do templo, mesmo não se sentindo obrigado, Ele o fez para não escandalizar, revelando seu cuidado em questões financeiras (Mateus 17.24-27).
Que possamos, como seus seguidores, imitar seu exemplo, usando nossos recursos não para construir nosso próprio reino, mas para servir ao dele.
Autor: Walter Kaschel
Lista de estudos da série
1. Seu corpo, morada de Deus: Como honrar ao Criador com sua saúde e hábitos – Estudo Bíblico sobre a Mordomia do Corpo2. A batalha pelos seus pensamentos: Como cultivar uma mente e espírito que glorificam a Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia da Mente
3. O poder silencioso do seu exemplo: Como sua vida impacta o Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia da Influência
4. Portas abertas por Deus: Como reconhecer e aproveitar cada chance para o Reino – Estudo Bíblico sobre a Mordomia das Oportunidades
5. O recurso irrecuperável: Como usar cada minuto para a glória de Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia do Tempo
6. Mais que um dia de folga: Como o descanso bíblico renova sua fé e suas forças – Estudo Bíblico sobre o Propósito do Domingo
7. Dinheiro como ferramenta do Reino: Os segredos para administrar seus recursos com sabedoria – Estudo Bíblico sobre a Mordomia dos Bens
8. A raiz da fidelidade: A origem e o propósito do dízimo antes de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Dízimo no Antigo Testamento
9. Mais que obrigação, um ato de amor: O que Jesus e os apóstolos ensinaram sobre o dízimo – Estudo Bíblico sobre o Dízimo no Novo Testamento
10. A prova da bênção: Por que a prática do dízimo transforma a vida do crente – Estudo Bíblico sobre a Experiência do Dízimo
11. Indo além dos 10%: Descubra a alegria de dar com um coração sacrificial – Estudo Bíblico sobre a Graça da Liberalidade
12. Sustentando a noiva de Cristo: Seu papel vital no avanço da igreja local – Estudo Bíblico sobre a Mordomia e a Igreja