Efésios 5.15-16
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus.
O que é o tempo
Felizmente, não precisamos de uma definição complexa de algo para podermos usá-lo. Se fosse necessário definir o tempo para poder viver, a humanidade já teria deixado de existir, pois ainda não há uma explicação que satisfaça a todos.
Enquanto filósofos debatem suas teorias, o melhor que podemos fazer é utilizar da melhor maneira possível essa dádiva que todos conhecemos. Costumamos dividi-lo em segundos, minutos, horas, dias e anos para medir nossa passagem pelo mundo.
No entanto, a verdadeira medida da vida vai além do calendário. A vida é mais do que as funções biológicas de respirar, comer e beber. Jesus deixou isso claro ao perguntar: "Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?" (Mateus 6.25).
O tempo ganha valor pela intensidade com que vivemos e pela sabedoria com que o aproveitamos. Por isso, alguém que existiu por vinte e cinco anos pode ter vivido muito mais do que outro que chegou aos setenta.
A preciosidade do tempo
Para o crente, é fundamental lembrar a cada momento que sua vida é um presente valioso e que ele deve ser um mordomo cuidadoso do seu tempo. O apóstolo Paulo recomendava aos efésios que andassem com prudência, não como tolos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade — ou, como diz o texto, "remindo o tempo, porquanto os dias são maus".
Certa vez, um viajante inglês encontrou no deserto um mercador árabe, que parecia muito pensativo ao pé de uma palmeira.
Bom amigo, saúde! O senhor parece preocupado. Posso ajudar?
Estou muito aflito, disse o árabe com tristeza, porque acabo de perder a mais preciosa de minhas joias!
O inglês, vendo os camelos carregados de riquezas, tentou consolá-lo, dizendo que não seria difícil substituir a joia. O mercador, porém, exclamou:
Substituí-la! Bem se vê que o senhor não sabe o valor do que eu perdi! Era uma joia como não se fará outra. Estava encravada num pedaço de pedra da vida, feita na ourivesaria do tempo. Tinha vinte e quatro brilhantes, ao redor dos quais se agrupavam sessenta menores.
A joia perdida, concluiu o árabe, é um dia. E um dia que se perde não se encontra mais.
Com um pensamento semelhante, o educador americano Horace Mann publicou um anúncio original: "Perderam-se: em algum lugar entre o nascer e o pôr do sol, duas horas douradas, cada uma cravejada com sessenta minutos de diamante. Nenhuma recompensa é oferecida, pois elas se foram para sempre."
Somos possuidores dessa imensa riqueza. Saibamos aproveitá-la de modo a não termos de lamentar, no futuro, dias mal gastos e horas perdidas. Transformemos cada minuto em uma joia de valor real no serviço do nosso Mestre.
Consagrando nosso tempo a Deus
Nossa vida e, por consequência, nosso tempo, pertencem a Deus. Em sua bondade, Ele nos permite usar a maior parte dele para o sustento, o descanso e as atividades cotidianas.
No entanto, por estarmos tão acostumados a usar esse tempo para nós, podemos facilmente nos esquecer de que ele é um depósito sagrado.
Deus nos convida a reconhecer Sua soberania separando intencionalmente um tempo para a adoração e o serviço.
O princípio de dedicar um dia em sete, tradicionalmente o domingo para os cristãos, não é uma imposição legalista, mas um presente para o nosso bem-estar espiritual. Ao fazê-lo, declaramos que nossa vida não é governada apenas pela urgência do trabalho, mas pelo propósito divino.
Na sociedade atual, com suas diversas escalas de trabalho, nem todos conseguem reservar o domingo. O importante, mais do que o dia, é a intenção do coração. Uma comunidade de fé que valoriza o princípio do descanso e da adoração encontra renovação e força para sua missão.
Lembremo-nos, contudo, de que separar um tempo é o ponto de partida. O objetivo final é organizar nossa vida de tal forma que possamos dar o máximo possível do nosso tempo às coisas de valor permanente, transformando cada minuto disponível em uma oportunidade para glorificar a Deus.
O tempo desperdiçado
É lamentável observar como muitas pessoas empregam mal o seu tempo. Diferente do dinheiro, que pode ser guardado, o tempo deve ser usado à medida que nos é entregue, minuto a minuto.
Quem o desperdiça prejudica a si mesmo, à sociedade e ao próximo, cujo tempo precioso muitas vezes rouba. Como podemos esbanjar esse recurso?
1. Em conversas fúteis e inúteis
É muito agradável conversar, mas nossas palestras devem ter conteúdo e propósito. Conversas frívolas frequentemente degeneram em mexericos destrutivos.
2. Em leituras sem proveito
Nosso tempo é escasso e valioso. Devemos selecionar cuidadosamente o que lemos, buscando aquilo que edifica e enriquece a mente e o espírito.
3. Em atividades não essenciais
Há pessoas que gastam tempo excessivo em entretenimentos, jogos e outras atividades sociais. Embora o relaxamento seja necessário, não devemos permitir que ele se torne o centro de nossa vida.
4. Em simplesmente "matar o tempo"
Muitos passam grande parte de seus dias sem fazer nada de útil ou produtivo. A dificuldade é que o desperdício de tempo muitas vezes ocorre com atividades legítimas, mas praticadas sem limites e sem propósito.
Recomendações para o bom uso do tempo
1. Seja metódico
Aprenda a organizar suas atividades para que cada minuto seja bem aproveitado. Uma pessoa com método vive mais intensamente no mesmo período. Planejar o que você vai fazer antes de começar já é metade do trabalho feito.
2. Seja pontual
A pontualidade é parte essencial da mordomia do tempo. Não se trata de ser escravo do relógio, mas de respeitar o tempo dos outros. Se me atraso um minuto para falar a um grupo de sessenta pessoas, roubei uma hora coletiva. Se o atraso não foi por força maior, sou responsável por esse mau uso.
3. Seja equilibrado
Devemos distribuir nosso tempo de forma sábia, dando a cada atividade a atenção proporcional ao seu valor. Alguns dedicam tempo demais aos divertimentos, outros ao trabalho. O segredo é o equilíbrio, com o objetivo de desenvolver uma vida em que cada ação seja pesada em relação à eternidade.
4. Sirva
O tempo mais bem empregado é aquele que gastamos em favor de outros. Cada minuto usado para socorrer um necessitado, apontar o caminho da vida a alguém desanimado ou levantar um caído é uma joia de valor inestimável no relógio divino.
O Tempo
Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta,
Mas, como dar em tempo tanta conta,
Eu, que gastei sem conta tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bom tempo e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.
Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo;
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.
Mas, oh! se os que contam com seu tempo
fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam sem conta o não ter tempo
- Laurindo Rabelo
Lista de estudos da série
1. Seu corpo, morada de Deus: Como honrar ao Criador com sua saúde e hábitos – Estudo Bíblico sobre a Mordomia do Corpo2. A batalha pelos seus pensamentos: Como cultivar uma mente e espírito que glorificam a Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia da Mente
3. O poder silencioso do seu exemplo: Como sua vida impacta o Reino de Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia da Influência
4. Portas abertas por Deus: Como reconhecer e aproveitar cada chance para o Reino – Estudo Bíblico sobre a Mordomia das Oportunidades
5. O recurso irrecuperável: Como usar cada minuto para a glória de Deus – Estudo Bíblico sobre a Mordomia do Tempo
6. Mais que um dia de folga: Como o descanso bíblico renova sua fé e suas forças – Estudo Bíblico sobre o Propósito do Domingo
7. Dinheiro como ferramenta do Reino: Os segredos para administrar seus recursos com sabedoria – Estudo Bíblico sobre a Mordomia dos Bens
8. A raiz da fidelidade: A origem e o propósito do dízimo antes de Cristo – Estudo Bíblico sobre o Dízimo no Antigo Testamento
9. Mais que obrigação, um ato de amor: O que Jesus e os apóstolos ensinaram sobre o dízimo – Estudo Bíblico sobre o Dízimo no Novo Testamento
10. A prova da bênção: Por que a prática do dízimo transforma a vida do crente – Estudo Bíblico sobre a Experiência do Dízimo
11. Indo além dos 10%: Descubra a alegria de dar com um coração sacrificial – Estudo Bíblico sobre a Graça da Liberalidade
12. Sustentando a noiva de Cristo: Seu papel vital no avanço da igreja local – Estudo Bíblico sobre a Mordomia e a Igreja