Este texto nos conta que uma grande multidão havia se reunido ao redor de Jesus para ouvir a Sua mensagem e para revelar a condição espiritual de seus corações. Frente a isso, Ele passa a contar-lhes a Parábola do Semeador.
Nesta parábola o nosso Senhor fala de quatro classes de pessoas e a resposta que cada uma delas dá à Sua Palavra quando esta lhes é apresentada, à semelhança do lavrador que lança a semente no solo. Ele também nos mostra porque tão poucas são receptivas a ela.
A receptividade neste ensino varia muito. Por um lado, vemos que algumas pessoas estão abertas para ouvirem e receberem o Evangelho, enquanto que outras estão completamente “hermetizadas”, lacradas, fechadas para ele. Portanto, nesta parábola poderemos observar “As Condições Espirituais do Coração”.
Vejamos os tipos de solo que indicam a condição de cada coração:
I – O solo do desinteresse total
“E de muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.” (vv. 3-4, 19)
A Estrada é o Solo dos Corações Endurecidos.
Uma vez que as Sagradas Escrituras nos dizem que confrontamos, diariamente, com o diabo, a carne e o mundo, vemos neste solo, neste coração endurecido, um campo bem apreciado pelo maligno.
Estes são aqueles que reagem com indiferença autodestruidora na recepção do evangelho.
Dois agentes são destacados no texto:
a) A pessoa que não se apropria dela, deixa-a na superfície: “Quando alguém ouve as novas do Reino e não se apropria delas, elas permanecem na superfície,...”
b) O Maligno a arrebata. “...então vem o Maligno e as arranca do coração do ouvinte.”
II – O solo da emoção momentânea
“Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza." (vv. 5-6, 20-21)
É o solo dos corações superficiais.
Ficam entusiasmados, apenas, pela beleza da mensagem do evangelho; da pregação e do ensino da Palavra. Ficam entusiasmados com a adoração, a comunhão e a união dos crentes.
Duas coisas acontecem:
a) Recebe logo com alegria, mas não tem raízes. Ouve e instantaneamente recebe a mensagem com grande entusiasmo, mas a Palavra não cria raízes.
b) Por não ter raízes é de pouca duração. Diante de alguma dificuldade ou quando passa a emoção, a mensagem é esquecida, e não sobra nada. Se escandaliza com qualquer coisa, se embrutece com os problemas e quando se defronta com a perseguição, por causa do evangelho, bate em retirada.
O Rev. A.W. Pink escreveu que: “Há pessoas que dizem estar salvas antes mesmo de ter a sensação de que estão perdidas.”
III – O solo da preocupação mundana
“Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”(vv. 7, 22)
Este é o solo dos corações preocupados com bens materiais.
São aqueles que são atraídos, iludidos, enganados “pelos cuidados do mundo e a fascinação das riquezas.” Ou pela preocupação e pela ilusão de manter o que tem.
A Palavra nos diz que Jesus não admite que a pessoa divida com o mundo aquilo que deve ser integral ao Reino. Ou agradamos a Deus ou a Mamom. Este tipo de pessoa é tentada pelo mundo, o terceiro elemento no confronto.
Duas coisas se destacam:
a) Cuidados do mundo – É o afã, o tempo integral à “mundaneidade”. É um coração totalmente secularizado. Há tempo para o trabalho, para a família, para lazer, menos para Deus.
b) Fascinação pelas riquezas – A ansiedade pelos bens materiais. Estes dois elementos são os espinheiros que sufocam a Palavra e a tornam infrutífera na vida da pessoa.
Como alguém observou, "dinheiro pode comprar uma cama, mas não o sono; jóias, mas não a beleza; e uma casa, mas não um lar. Dinheiro consegue adquirir entretenimento, mas não a felicidade; religião, mas não a salvação; e um passaporte para todo lugar, menos o céu. Se é para o céu que um dia pretendemos ir, não devemos procurar acumular nosso tesouro lá?”
IV – O solo da recepção verdadeira
“Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.” (vv. 8, 23)
Este é o solo dos corações receptivos onde o diabo, a carne e o mundo não têm espaço.
Este tipo de coração se destaca em duas esferas:
a) Ouve e Compreende. Há sempre pessoas desejosas de ouvir com atenção a Palavra e recebê-la.
b) Frutifica. O fruto é o resultado deste terreno fofo, profundo, limpo e fértil que estava ansioso e preparado para a semente do Reino de Deus.
Este é o verdadeiro e convertido crente.
Conclusão:
À luz deste texto qual é o tipo de terreno que está no seu coração? Lembre-se que o Espírito Santo pode transformar qualquer coração, seja embrutecido, carnal ou mundano, em coração cheio da graça e do amor de Cristo Jesus.
Autor: Antonio Coine