A essência da constituição do homem (dicotomia)


Muito se tem discutido sobre quantas partes compõem o ser humano: três (corpo, alma e espírito - tricotomia) ou duas (dicotomia). Nesta breve reflexão, defenderemos a dicotomia, pelos motivos que se seguem:

1. Uso sem distinção nas Escrituras
Embora alma e espírito sejam palavras diferentes, elas apontam para uma mesma realidade, de acordo com a Bíblia. Podem se referir à esfera emocional ou àquela que está junto a Deus após a morte. 

Maria afirma: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador (Lc 1.46-47). 

Após a morte, a realidade para espírito ou alma é a mesma. Quanto aos justos no céu, o autor de Hebreus se refere a eles como “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23). 

Por outro lado, no Apocalipse, a presença dos crentes no céu é descrita da seguinte forma: “Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus” (Ap 20.4).



2. O espírito ou alma partem do corpo na morte
Esse tópico complementa o que foi dito acima. No momento da morte, alma ou espírito deixam o corpo. Os autores bíblicos não se preocupam em fazer distinção – indicação de alma e espírito significam a mesma coisa. 

No momento de sua morte, Estevão orou: “Senhor Jesus, recebe meu espírito” (At 7.59). Quando Raquel morreu, a Bíblia registra: “Ao sair-lhe a alma (porque morreu)” (Gn 35.18).

3. O espírito pode pecar
Aqueles que defendem que o homem é constituído de corpo, alma e espírito afirmam que a alma pode pecar, mas o espírito não. Entretanto, não é isso que lemos na Bíblia. Há diversos textos que contrariam tal afirmação. 

Paulo exorta os crentes de Corinto a que se purificassem de toda a impureza, tanto da carne quanto do espírito (2 Co 7.1), o que certamente prova que o espírito é acometido de impurezas. 

Em Daniel 5.20 lemos que o espírito de Nabucodonosor “se tornou soberbo e arrogante”. Em Provérbios 16.18 está escrito que “a altivez de espírito precede a queda”. Portanto, esses textos não somente comprovam que o espírito também peca, como também demonstram que não há parte alguma do ser humano que tenha sido isenta da contaminação do pecado.

Conclusão
O homem não é constituído de três partes, a saber, corpo, alma e espírito, mas de duas, visto que alma e espírito, embora sejam termos diferentes, apontam para uma mesma realidade. 

A Bíblia não faz distinção entre ambos; é a alma ou espírito que deixam o corpo na morte. Por outro lado, diferentemente do que pensam os tricotomistas, o espírito também peca. 

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