Para Decorar:
"Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17).
Introdução
Até que ponto você se preocupa com a situação existente em sua igreja, em sua comunidade, no país e no mundo? Interessar-se pela situação do nosso mundo é ótimo; buscar compreender e ter uma visão correta da condição do homem a fim de encontrar uma solução é prático.
É uma lástima ignorar o livro de Jó, pois ele é uma parte importante da Palavra de Deus, que é inspirada por Ele e portanto "proveitosa". Infelizmente, muitas pessoas não dão importância a este livro do Velho Testamento. Durante a maior parte dos dezenove séculos da era cristã, o livro de Jó não foi alvo do estudo cuidadoso que merece.
Ao iniciar agora este estudo, dê particular atenção ao cenário no contexto cultural e histórico. Aprenda também como Jó se relaciona com os outros livros do Velho Testamento.
1 - Jó entre os patriarcas
(Jó 1.1-5; 2.11-13; 12.17-25; 22.12-20; 42.11)
O livro de Jó é uma narrativa da vida dos gentios na época dos patriarcas hebreus.
Durante este período patriarcal, a família era a unidade sociológica básica. Jó cumpriu fielmente suas responsabilidades como cabeça espiritual e legal de sua família. Sua preocupação pessoal com o bem-estar espiritual da família fica demonstrada pelo seu interesse na vida mental de seus filhos e seu ministério constante junto ao Senhor (Jó 1.4,5).
Jó dirigia a atenção de seus filhos para assuntos de importância eterna. Em lugar de orientá-los na busca do sucesso material, ele procurava enfatizar a necessidade do sucesso espiritual. Os filhos de Jó eram continuamente lembrados da existência de um Deus santo, que se interessa pelos assuntos humanos.
Os sacrifícios oferecidos por Jó também ensinavam a necessidade do derramamento de sangue para remissão de pecados. Esta verdade também os faria lembrar do Redentor prometido.
Jó, portanto, estava ocupado em reforçar, pelo exemplo, as verdades que ensinara a seus filhos desde a infância. (Hb 9.22; Jó 19.25-27; At 26.22,23; 1 Pe 1.10-12.)
Observando o registro de Gênesis sobre os ministérios de Abraão, o sacerdócio espiritual da era patriarcal — a era de Jó — pode ser facilmente visualizado. (Gn 12.6,7; 13.18; 15.9,10; 22.1-14.)
Em muitos períodos da história do mundo, a unidade familiar foi rompida pela turbulência dos acontecimentos na sociedade.
Algumas vezes a unidade familiar tem êxito em manter a integridade de uma sociedade em face de condições adversas. Esta última situação parece ter existido na época dos patriarcas hebreus e na de Jó. Esse período histórico foi de grande violência e opressão.
A fim de ilustrar a atuação de Deus no reino do homem, Jó descreve os acontecimentos que estavam ocorrendo ao seu redor durante a sua vida. Ele foi testemunha ocular da rápida elevação e queda de nações e líderes governamentais. Sabiamente ele interpretou esses acontecimentos perturbadores à luz de um Deus todo-poderoso e cheio de sabedoria.
O sistema de leis dos dias de Jó era evidentemente bastante organizado. Havia cortes de justiça e acusações por escrito, assim como formas regulares de procedimento. (Jó 13.26; 31.28.)
Quando viveu Jó? As condições sociais do livro parecem aproximar-se da época depois do dilúvio dos dias de Noé (Jó 22.15,16). Todavia, parecem também estar próximos do período anterior a Josué. Esta última limitação é de alguma forma confirmada pelo uso da palavra "peça" (Jó 42.11).
Este era um termo para dinheiro não mais empregado depois de Josué no Velho Testamento (Js 24.32). "Uma peça" (ou "peças") de dinheiro foi um termo usado também anteriormente na época de Jacó (Gn 33.19).
2 - Jó entre os escritos
(Jó 12.17-25; 24.2-11; 42.11)
Como o livro de Jó se relaciona com os outros do Velho Testamento?
Devido à semelhança entre Jó 24.2-11 e a Lei de Moisés, muitos estudiosos propuseram para o livro uma data posterior à época de Moisés. Todavia, a organização jurídica dos dias de Jó se assemelha aos sistemas e códigos judiciais do Oriente Próximo primitivo, anterior a Moisés. Portanto, não era preciso que a lei mosaica tivesse existido antes de Jó 24.2-11 ter sido escrito. (Veja Êx 22.25; Lv 19.9,10; e Dt 19.14.)
Existem comentaristas que insistem numa data que coincida com os profetas hebreus. Os fatores adicionais que fazem parte de seus argumentos são estes: o conteúdo de sabedoria de Jó e sua forma poética.
Na Bíblia Jó está adequadamente colocado entre os livros poéticos do Velho Testamento, pois trata-se de um livro de poesia. A poesia do Oriente Próximo primitivo (inclusive a hebraica) distinguia-se pela rima de pensamentos e não de palavras ou sílabas. Esta forma de poesia é conhecida como paralelismo.
As três formas básicas do paralelismo poético são: sinônimo, antitético e sintético. O paralelismo sinônimo coloca o pensamento da segunda linha de acordo com o da primeira. Um exemplo disto é Jó 9.11: "Eis que ele passa por mim, e não o vejo; segue perante mim, e não o percebo".
O paralelismo antitético contrasta o pensamento da primeira linha com o da segunda, como em Jó 16.4,5: "Eu poderia dirigir-vos um montão de palavras, e menear contra vós outros a minha cabeça. Poderia fortalecer-vos com as minhas palavras, e a compaixão dos meus lábios abrandaria a vossa dor".
O paralelismo sintético apresenta o pensamento da segunda linha de maneira a construir ou completar o da primeira. Jó 11.18 é um exemplo do paralelismo sintético: "Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança; olharás derredor, e dormirás tranqüilo."
Não podemos porém datar o livro baseados no fato de ter ele forma poética. Qualquer escritor em qualquer tempo pode utilizar qualquer forma que deseje. O paralelismo poético do Oriente Próximo primitivo precede a época do dilúvio de Noé.
A ênfase sobre a sabedoria no livro de Jó é freqüentemente tida como uma limitação para a data do mesmo. A literatura sobre sabedoria no Velho Testamento saiu na maior parte da pena de Salomão que viveu na era dos profetas de Israel. Existem mesmo declarações semelhantes nos provérbios de Salomão e no livro de Jó. Todavia, é preciso lembrar que a sabedoria expressa por Jó e Salomão tinha origem em Deus e foi a eles revelada. A sabedoria de Deus é eterna.
Assim sendo, ao que parece, a época do livro de Jó é melhor identificada com o período patriarcal, pois existem argumentos fortes para essa data e todos os demais argumentos podem ser refutados nesse cenário.
O livro de Jó é o trabalho poético mais antigo e importante que Deus deu à humanidade. A sabedoria deste livro está à disposição de todos os seus leitores. Ela é obtida da mesma forma que Salomão obteve a dele — pedindo-a a Deus com fé inabalável (Tg 1.5). Da mesma forma como Jó procurou conhecer a vontade de Deus, o crente de hoje deve buscar o conhecimento da vontade de Deus.
Tal conhecimento e a sua busca caracterizam o homem sábio. Efésios 5.17 apóia esta verdade, pois aconselha: "Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor."
Tendo tomado conhecimento do cenário do livro de Jó, você está preparado para ir em frente e descobrir os pontos de vista práticos e as aplicações desta parte tão negligenciada das Escrituras.
Examine sua vida
1. Você está, como Jó, procurando criar seus filhos no caminho do Senhor?
2. Os pais devem encorajar os filhos a participarem das atividades da igreja?
3. Para conseguir a participação deles deve-se exercer pressão direta?
4. Como podem os pais cristãos demonstrar interesse pelo bem-estar espiritual de sua família?
Lista de estudos da série
3. Por Trás da Cortina: Como o inimigo age para destruir sua fé – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó
4. Os dois pilares da sua esperança em meio à dor – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó
6. Gritos da Alma: As 3 perguntas que todos fazemos no sofrimento – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó
