Gritos da Alma: As 3 perguntas que todos fazemos no sofrimento – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

Para Decorar:

"Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança" (Tg 1.2,3).

Introdução

Todos nós temos a tendência de nos queixarmos de nossas aflições, a ponto de esquecermos que Deus pode ter um propósito para elas. O sofrimento de levou-o ao ponto de esquecer a alegria de conhecer e servir ao Senhor. Seus amigos talvez não tivessem tido a oportunidade de proclamar suas heresias e afligir ainda mais a Jó, se ele tivesse mostrado a atitude certa em relação ao seu sofrimento.

1 - Por que nasci?

(Jó 3.1-19.)

A dor fez com que Jó fizesse uma auto-análise, sondando o seu coração. Sua miséria tinha apagado a memória das vitórias e alegrias do passado. Chegara ao ponto de amaldiçoar o dia de seu nascimento e desejar que sua vida tivesse terminado antes de começar. (Jó 10.19.)

O fato de Jó amaldiçoar o dia de seu nascimento era um modo indireto de culpar o Criador pelo erro de permitir que ele nascesse. Mesmo que se tivesse recusado a maldizer a Deus diretamente (Jó 2.9), estava fazendo isso indiretamente (Jó 3.1-3). Jó desejava que o dia de seu aniversário fosse caracterizado pelas trevas — totais e completas.

Nas Escrituras, as trevas representam desolação, morte e separação de Deus. (Is 24.11; Lm 3.6; Mt 8.12; 2 Pe 2.17; Jd 13.)

Como se a escuridão no dia de seu nascimento não fosse suficiente, Jó também pediu que ele fosse apagado do calendário (v. 6). Uma vez que ele mesmo não tinha alegria, procurou remover a alegria dos que o rodeavam. Ele estava manifestando egoísmo. (Veja Jr 20.15.)

No que dizia respeito a Jó, o sol não deveria brilhar (v. 8), as estrelas não piscariam (v. 9), e a madrugada não viria (v. 9) no dia do seu nascimento. A queixa de Jó não era na verdade dirigida a esse dia, mas ao Criador do sol e das estrelas que brilharam nesse dia. Jó estava evidenciando o começo de uma atitude errada em relação ao seu sofrimento, pela maneira como perguntou: "Por que nasci?"

O desejo de Jó quanto ao seu nascimento era que tivesse morrido em vez de viver. Seu primeiro pensamento foi de que devia ter morrido imediatamente após o nascimento (v. 11).

A dor o isolava das pessoas, porque sentia que ninguém o compreendia nem simpatizava com ele inteiramente. Se pelo menos pudesse morrer, teria então companhia adequada. Reis, conselheiros, e príncipes estavam no mundo dos mortos (vv. 13-15).

A morte os identificaria com Jó. A posição terrena do homem não afeta a sua condição na eternidade. Somente a crença na revelação de Deus com respeito ao Salvador fará diferença.

O pensamento seguinte de Jó foi que jamais deveria ter saído vivo do ventre da mãe (v. 16). O ponto interessante deste conceito é que a criança abortada se encontra no mesmo lugar que todos os demais mortos (vv. 13-19)!

O mundo dos mortos foi descrito por Jó como sendo um lugar de descanso para os cansados (indivíduos justos, crentes), mas onde os ímpios não têm repouso (v. 17).

2 - Por que devo sofrer?

(Jó 3.20-26)

A meditação de Jó voltou-se do dia do seu nascimento e sua vida de miséria para a própria miséria em si. Por que Deus não poderia ter misericordiosamente permitido que Jó morresse?

Ele estava obcecado com a idéia de escapar da dor desta vida, através da morte (Jó 3.20, 21). Não podia resolver a questão do seu sofrimento. Ficaria muito feliz em descansar na morte, fugindo a uma vida de tormento (v. 22).

Jó sentia como se tudo tivesse desmoronado à sua volta e não houvesse possibilidade de fuga (v. 23). O que ele temia era o próprio medo (v. 25). Sua atitude pessimista levou-o a esperar o pior, enquanto uma atitude de fé lhe teria dado compreensão do mistério do seu sofrimento.

A pergunta de Jó não parece ser respondida no capítulo 3. O Novo Testamento, porém, explica por que o crente deve sofrer. O sofrimento faz parte da vida do crente. É um privilégio.

O sofrimento do cristão é por Cristo, e glorifica a Deus, quando aceito com a atitude certa. Jó estava confiante em que não pecara contra Deus, para que pudesse ser punido por isso.

Todavia, ele permitiu que a sua situação o fizesse esquecer a bondade de Deus e o Seu propósito em meio à tribulação. Como resultado, Jó começou a pecar pela sua atitude. Entretanto, de modo geral, ele demonstrou uma aceitação paciente da vontade de um Deus perfeitamente sábio.

3 - Onde está a sabedoria?

(Jó 28.12-28)

A sabedoria de que o homem necessita quase sempre falta, quando surgem as provações. Tiago associou a tribulação e a sabedoria no primeiro capítulo de sua epístola. A resposta da pergunta: "Onde está a sabedoria?" é Jesus Cristo, o Filho de Deus. (Tg 1.2-12; Cl 2.1-3.)

Toda a sabedoria e riqueza do homem são insuficientes para a obtenção da sabedoria celestial, que tem origem em Deus. O valor da sabedoria santa está muito acima de qualquer tesouro terreno que o homem possa acumular (Jó 28.12,13).

O preço da sabedoria é muito mais alto do que o do ouro, da prata, de jóias ou pérolas (vv. 15-19). Jó ficaria mais sábio com a experiência do sofrimento, mas essa sabedoria seria obtida na pobreza, pois ele já havia perdido todos os seus bens.

A sabedoria não é um objeto material que possa ser visto (vv. 20,21). Mesmo no reino dos mortos, eles não têm uma compreensão clara da mesma. Somente Deus compreende a sabedoria e sabe onde ela habita (v. 23).

A sabedoria que o homem procura é mantida pelo Deus todo-poderoso cujos caminhos e pensamentos estão muito acima dos do homem. Quem quiser encontrar a sabedoria deve procurá-la em Deus (vv. 23,24). Ela está por trás da criação de todas as coisas (vv. 25,26). Ela está com Deus e tem estado com Ele desde o princípio. (Is 55.8,9; Tg 1.5.)

A sabedoria existia desde antes da criação do mundo (Jó 28.26,27). Ela fez parte da criação (vv. 25,26). Deus "viu", "manifestou", "estabeleceu" e "esquadrinhou" a sabedoria (v. 27). Ela está associada ao temor reverente do Senhor (v. 28). A natureza da sabedoria é santa e justa, exigindo que o crente se separe do pecado (v. 28). (Pv 8.22-26; 8.27-31; 8.22,30; 1.7; 8.13; 8.13,36; 2 Tm 2.19; 1 Pe 1.16.)

Esta sabedoria é concreta e não abstrata. Ela é uma pessoa: ela é a Palavra, o Filho de Deus. Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que Cristo foi feito pelo Pai, sabedoria para nós (1 Co 1.30). Paulo também escreveu aos crentes da cidade de Colossos a respeito da sabedoria.

Ele afirmou que em Jesus Cristo estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2.3). A Palavra viva de Deus, a Sabedoria viva de Deus, faz uso da palavra escrita de Deus para proporcionar a sabedoria necessária, para que se cumpra a vontade de Deus na vida do crente (Cl 3.16; 1.9).

Zofar tinha desejado que Deus mostrasse a Jó "os segredos da sabedoria" (Jó 11.6). As respostas às perguntas de Jó com relação à vida, ao sofrimento, à morte e à sabedoria são encontradas em Deus.

A resposta à pergunta de Jó pode ser estabelecida como o próprio Filho de Deus. Jesus Cristo deve ser glorificado por todos os homens. O Pai é glorificado pelo Filho. Este é o propósito da existência do homem. O crente sofre por Cristo a fim de poder glorificar a Deus (1 Pe 4.16). Jesus Cristo é a Sabedoria. Jesus Cristo é Vida. Ele é a resposta — a Verdade (Jo 14.6). (Fp 2.10,11; Jo 17.1.)

O crente que entra na escola do sofrimento aprenderá muito mais do que poderia aprender por qualquer outro processo educacional. A fim de diplomar-se em sabedoria, ele deve aprender a resposta às perguntas de Jó, mantendo-se fiel a Deus.

"Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida" (Tg 1.2-5).

Examine sua vida

1. É justo alguém lamentar-se pela situação em que se encontra? Você procura o propósito de Deus nas suas circunstâncias?

2. Devemos culpar Deus pelas nossas dificuldades?

3. Você se apega a Deus quando está sofrendo?

4. A sabedoria é uma pessoa. Cristo foi feito sabedoria por nós. Você faz uso dessa sabedoria?


Lista de estudos da série

1. O Livro por Trás do Homem: O contexto que revela os segredos de Jó – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

2. Quando a Retidão é Testada: As 4 marcas de um caráter que agrada a Deus – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

3. Por Trás da Cortina: Como o inimigo age para destruir sua fé – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

4. Os dois pilares da sua esperança em meio à dor – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

5. Quando o Criador Fala: O que as perguntas de Deus revelam sobre seu poder e nosso lugar – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

6. Gritos da Alma: As 3 perguntas que todos fazemos no sofrimento – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

7. Consoladores Inúteis: Os 3 erros fatais que você deve evitar ao ajudar alguém que sofre – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

8. Entre o Céu e a Terra: A busca desesperada por um mediador para sua causa – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

9. A Ilusão da Autossuficiência: Descobrindo por que a salvação vem apenas de Deus – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

10. A Âncora na Tempestade: O poder da Palavra de Deus para sustentar sua vida – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

11. Piedade na Prática: O testemunho de uma vida que reflete o coração de Deus – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

12. A Esperança Final: Por que a ressurreição é a resposta definitiva para o sofrimento – Estudo Bíblico sobre o livro de Jó

Semeando Vida

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