INTRODUÇÃO
Mordomo é o empregado de confiança, que fica responsável por toda a casa de seu senhor.
É uma espécie de gerente, de administrador. José exercia essa função, conforme ele mesmo diz, em Gn 39.8: "Tem-me por mordomo o meu senhor, e não sabe do que há em casa, pois tudo o que tem mo passou ele às minhas mãos".
Entre os orientais, era o cargo mais importante da casa; por isso, o de maior responsabilidade.
Nós somos mordomos de Deus. Ele confiou a cada um de nós coisas importantes, de que devemos cuidar. A Parábola dos Talentos, proferida por Jesus, nos últimos dias de Seu ministério, é uma ilustração apropriada, que nos chama a atenção para esse fato: cada um de nós recebeu de Deus talentos dos quais deve cuidar, como fiel e inteligente mordomo.
Vejamos como exercer com eficiência a nossa mordomia.
1 - OS TALENTOS RECEBIDOS
Deus nos criou para Sua glória, e nos salvou para que, possamos servi-lo. Tudo o que somos e temos pertence a Deus. Entre as coisas importantes que Deus nos entregou para cuidar, estão as seguintes:
a) Corpo - Ninguém é dono do seu corpo. O crente, de modo especial, deve ter a consciência de que seu corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19)
Essa noção valoriza o seu corpo. O cuidado com a saúde, o fortalecimento do corpo, a alimentação sadia, a repulsa aos vícios (entre os quais o fumo e a bebida), são atos de mordomia — a mordomia do corpo.
O crente não fuma, não se excede no comer e no beber, não sujeita seu corpo a cansaço constante, porque é inteligente e honesto no exercício de sua mordomia.
b) Tempo — Um dos mais preciosos talentos. Seu valor é inestimável. Você pode perder a saúde e recuperá-la; pode perder dinheiro e recuperá-lo; mas tempo perdido não se recupera mais. E o tempo é dom de Deus.
Gastá-lo em coisas sem importância, ou não saber aproveitá-lo bem, são provas de relaxamento para com a função de mordomo. Você não é dono nem do seu tempo. Você o divide com outras pessoas, e é dele responsável diante de Deus. Não use mal o seu tempo. Não perca tempo. Ele vale muito.
c) Inteligência. Este é um dom exclusivo do homem. É o único ser criado por Deus com a faculdade da razão. Ele pode conhecer o mundo em que vive, pode desenvolver sua capacidade, pode criar, inventar, modificar e descobrir, porque tem inteligência.
Você tem a inteligência que Deus lhe deu. Cuidar dela, desenvolvê-la e aperfeiçoá-la é obrigação sua, como mordomo de Deus. E Deus lhe dá muitas oportunidades para cumprir esse dever.
d) Alma — Deus nos criou parecidos com Ele, pois temos a sua imagem e semelhança. Os valores espirituais de nossa vida é que nos tomam parecidos com Deus. O crente, espiritualmente, pertence a Deus, duplamente: primeiro, porque Deus o criou; depois, porque o salvou.
Certo garoto fez, com o pai, um barquinho que colocou, depois, no rio; mas a forte correnteza levou a frágil embarcação, que se perdeu de vista. Foi um dia triste para o garoto e o pai.
Tempos depois, o menino viu o seu barquinho na vitrina de uma loja e reclamou ao dono, dizendo que fizera aquele barquinho.
Mas o negociante respondeu que ele só o levaria pagando o preço devido. Voltando com o pai, o garoto saiu da loja, abraçado com o barquinho e dizendo: "Agora, tu és meu duas vezes; primeiro, porque te fiz; e agora, porque te comprei". Assim, a nossa alma pertence duplamente a Deus.
e) Serviço — Na Parábola dos Talentos, o senhor entregou, a cada servo, recursos para fazer o serviço, conforme a capacidade de cada um. Parece-nos que havia dois ambientes onde deveria ser realizado esse serviço: os bancos (o mundo), e a casa do senhor (a igreja).
O Senhor viajou e deu bastante tempo para que cada um cumprisse suas atividades. E todos tiveram as mesmas oportunidades. Você tem trabalho a fazer para Deus. Ele o salvou para que possa servi-lo melhor. Não recuse o serviço que lhe confiou; antes, seja fiel e honesto no seu cumprimento.
2 - A MULTIPLICAÇÃO DOS TALENTOS
Pelo que aprendemos na parábola, Deus quer que nós usemos e desenvolvamos os talentos que nos deu. Ele deseja que tenhamos corpo forte e sadio, com nosso esforço e nossa disciplina. Ele espera que saibamos aproveitar bem o tempo, organizando disciplinadamente a nossa vida.
Ele quer que aumentemos nosso conhecimento e nossa cultura, valorizando a inteligência que nos deu. Ele faz questão de que busquemos a santificação, para que cada vez mais fiquemos parecidos com Ele.
E se agrada do serviço que Lhe prestamos, como prova de amor e zelo para com a oportunidade que nos deu.
Na parábola, o senhor elogiou e premiou os servos que multiplicaram os talentos, e repreendeu e castigou aquele que não teve o cuidado devido para com os negócios do seu senhor.
Na multiplicação dos talentos, Deus tem por finalidade duas coisas:
a) Nossos direitos. Deus nos concede o direito de usarmos, para o nosso benefício e nosso prazer, tudo aquilo que nos coloca nas mãos para cuidar.
O benefício do cuidado para com aquilo que Deus nos dá é todo nosso: a saúde, pelo zelo do corpo; a cultura, pelo cuidado da inteligência; a multiplicação das oportunidades, pelo zelo do tempo; a santidade da vida, a paz de consciência e a paz com Deus, pelo cuidado da alma; o progresso do reino de Deus, pela dedicação a Seu serviço.
A pessoa fiel e zelosa no seu trabalho recebe os benefícios dessa dedicação. Assim, o que é fiel no exercício de sua mordomia colhe os frutos dessa fidelidade. E Deus não falha nunca na promessa de premiar o mordomo fiel.
b) Nossos deveres. Assumir compromissos e cumpri-los é uma expressão de equilíbrio de personalidade. Quando procuramos cumprir nossos deveres para com Deus, sendo-lhe fiéis mordomos, estamos também nos beneficiando e beneficiando outras pessoas.
Desde que nos convertemos, assumimos o compromisso de servir a Deus. E o cumprimento desse serviço é prova de conversão. Se você tem prazer em servir a Deus, então você deve ser uma pessoa convertida.
O servo que enterrou o talento, em sentido figurado não deveria ser uma pessoa convertida: criticou a severidade do senhor.
O crente tem prazer em servir a Deus, e nunca acha que isso é um peso. Peio contrário, considera o serviço cristão o mais elevado privilégio.
3 - A PRESTAÇÃO DE CONTAS
A parábola diz que o senhor, depois de muito tempo, voltou para prestar contas com os servos. Deus também irá fazer conosco, no tempo devido, o ajuste de contas.
Já nesta vida, recebemos, em bênçãos, o prêmio pela nossa fidelidade; e já, nesta vida, podemos receber as consequências da falta de zelo no exercício da mordomia. Paulo diz:
Gl 6.7
"Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará"
Uma pessoa que cuida do corpo, aproveita melhor a vida, com saúde; quem não cuida, perdendo a saúde, perde, também, o gosto de viver.
Quem sabe cuidar do tempo, sente o prazer de ver todos os compromissos cumpridos, com sobras ainda para descansar, passear e se divertir quem não sabe usar o tempo, vive lamuriando-se, queixando-se, porque o tempo não dá para nada; está sempre aborrecido e aborrecendo os outros.
Quem se esforça por alcançar melhores conhecimentos, consegue boas oportunidades de trabalho, boa remuneração e, sobretudo, afasta a ignorância de sua mente; quem não faz isso, continua na sua ignorância, sem conseguir progredir na vida.
Quem zelou de sua alma, vive em paz, é feliz, tem muito amor para dar; quem se descuidou espiritualmente, afastou-se de Deus, e não se encontra nunca na vida, sendo, por isso, muito infeliz.
Quem procura servir a Deus e ao próximo, pode ver a conversão de pecadores, pelo seu testemunho, e o desenvolvimento da causa do Evangelho. Quem foi negligente no serviço a Deus, carrega consigo a culpa, a tristeza, o fracasso e a desilusão.
O ajuste de contas também tem que ver com o nosso futuro eterno; o servo negligente foi expulso da presença do senhor Você já pensou nessa consequência gravíssima? O mordomo infiel acaba sendo infeliz aqui, neste mundo, e por toda a eternidade.
A fidelidade nos custa muito mas nos compensa muito mais, aqui e na eternidade.
CONCLUSÃO
1 Cr. 29.14
"Tudo vem de ti. e das tuas mãos to damos"
Uma palavra sobre o dízimo. Ele é uma forma prática de Deus medir a nossa fidelidade como mordomos. Deus mesmo não precisa de nosso dinheiro. Usa-o para a Sua obra na terra, que beneficia o homem. Ele pede o nosso dízimo para podermos melhor servi-lo.
Com o dízimo, Deus sustenta a Sua obra na terra. Com o dízimo, Ele nos prova, para nos dar as bênçãos prometidas. Ver Ml 3.10.
O dízimo é uma bênção para o dizimista, para a igreja e para o mundo, porque é com ele que se divulga a mensagem do Evangelho. Você pode ser dizimista desde já, ainda que não tenha salário ou não receba mesada.
Preste algum serviço regular à igreja. Deixe de tomar um sorvete ou de ir uma vez ao cinema, para contribuir para a igreja. Converse, em oração, com Deus a respeito, e procure ser um dizimista fiel. Será uma das melhores e mais abençoadas decisões de sua vida.
Autor: Thiago Rocha
Lista de estudos da série
1. O segredo dos sábios: por que temer a Deus é o início de tudo – Estudo Bíblico sobre o Temor do Senhor2. Força de gigante: como ativar o poder espiritual que já existe em você – Estudo Bíblico sobre a Força do Jovem Crente
3. Medo de quê?: o guia para ser inabalável diante da pressão do mundo – Estudo Bíblico sobre a Coragem Cristã
4. Coração blindado: 5 estratégias bíblicas para proteger sua mente e emoções – Estudo Bíblico sobre Guardar o Coração
5. A encruzilhada da sua vida: o passo a passo da decisão mais importante que você tomará – Estudo Bíblico sobre a Conversão
6. Você é um gerente de Deus: como administrar os tesouros que Ele lhe confiou – Estudo Bíblico sobre Mordomia Cristã
7. Sua maior missão começa agora: como compartilhar sua fé sem medo e com naturalidade – Estudo Bíblico sobre Evangelismo Pessoal
8. Cidadão dos céus, com os pés na terra: o que a Bíblia realmente diz sobre política e deveres – Estudo Bíblico sobre Civismo
9. O antídoto contra o egoísmo: como pensar nos outros pode revolucionar sua vida – Estudo Bíblico sobre Altruísmo
10. Religião ou relacionamento?: os 9 sinais da verdadeira espiritualidade bíblica – Estudo Bíblico sobre a Vida no Espírito
11. Diga 'não' para viver o 'sim': como abandonar o que te prende para a liberdade em Cristo – Estudo Bíblico sobre a Nova Vida
12. Não é só um prédio: 4 razões pelas quais a igreja é o melhor lugar para você crescer – Estudo Bíblico sobre a Igreja
