Cidadão dos céus, com os pés na terra: o que a Bíblia realmente diz sobre política e deveres – Estudo Bíblico sobre Civismo


Jr 29.7; Rm 13.1-7

INTRODUÇÃO

Civismo é interesse pelo bem público, o espírito de patriotismo, o respeito a tudo aquilo que representa o país em que se nasce e vive. Ninguém escolhe o lugar de seu nascimento; simplesmente nasce onde Deus quis que nascesse.

Quando Jesus disse: "Dai a César o que é de César", estava ensinando o dever que temos de atender, acatar, respeitar e cumprir as leis do país. O cristão é cidadão dos céus, mas, enquanto na terra, sua ligação pátria é com o país que o viu nascer e crescer.

Esta lição é oportuna, pois, nos dias de hoje, nosso povo está despertando para novas realidades políticas, sociais e cívicas. Vejamos o que a Bíblia nos ensina sobre o civismo.

1 - A AUTORIDADE

Paulo diz, no texto básico, "que todo homem deve estar sujeito às autoridades superiores", dando algumas razões pelas quais a autoridade deve ser respeitada.

a) Ela existe pela vontade de Deus - "Não há autoridade que não proceda de Deus" — "as autoridades que existem foram por Ele instituídas" — v. 1; "visto que a autoridade é ministro de Deus" - v. 4.

Em que sentido a autoridade existe pela vontade de Deus?

1. Para a boa ordem.

Onde não há autoridade, nem governo constituído, não pode haver condições de se estabelecer nada. Deus quer que haja bom governo, que comande, dirija, administre e zele do povo e do país;

2. Para o progresso.

Onde não há governo impera a confusão; e a confusão não permite o progresso. A natureza humana é serviçal; nós estamos sempre servindo a alguém ou a algum grupo: pais, família, patrões, chefes, superiores. O acatamento à autoridade é uma forma de servir bem e contribuir para o progresso.

b) Ela existe para o bem do povo. No v. 3 do texto básico, Paulo diz que a autoridade existe para o bem de todos. Não devemos considerar a autoridade como alguém que só nos quer prejudicar. Pode haver alguma autoridade que assuma atitude negativa. Mas ela não foi constituída para isso, mesmo quando nos contraria.

É como na igreja: os pastores, presbíteros e diáconos são autoridades eleitas pelo próprio povo, para o nosso bem. A autoridade não existe para mandar, mas para comandar e servir.

Às vezes, o diácono tem de chamar a atenção de alguém, ou o Conselho tem de tomar alguma decisão que não agrada a alguns, ou o Pastor tem que exortar algum crente negligente. Nenhum deles faz isso por maldade ou prazer; faz pela necessidade de ordem e pelo bem-estar de todos.

c) Ela existe para o seu bem. Paulo coloca o seu ensino em termos pessoais — "visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem" — v. 4.

Você nunca deve pensar que a autoridade existe "para atrapalhar" a sua vida, para proibir, para coibir, para cobrar e exigir. Paulo diz que só quem faz o mal deve temer a autoridade. Mas quem faz o bem, cumprindo o seu dever, jamais deve ter medo dela.

À época de Jesus, a autoridade governante era estrangeira. Mesmo assim, Ele disse: "Dai a César o que é de César".

2 - AS LEIS

As leis foram criadas por Deus. O universo, feito por Ele é governado por leis; a natureza tem suas leis; cada espécie propaga-se e desenvolve-se debaixo de leis próprias. Há leis físicas, biológicas, fisiológicas, psicológicas, como leis sociais e morais. 

O próprio Deus deixou leis bem claras para o Seu povo — de caráter cerimonial, judicial, social e moral. Os dez mandamentos são o padrão de todas as leis cristãs, porque resumem a vontade de Deus para com o homem. Foram leis dadas por Deus.

Deus quer que haja leis entre os povos. Não se pode governar sem leis. O povo precisa saber quais os seus direitos e quais os seus deveres. 

As leis nos dizem que estamos agindo bem ou mal. Até na igreja precisamos de leis; temos estatutos, regulamentos, regimentos internos, normas e outras leis, que nos ajudam na avaliação do comportamento cristão.

As leis têm como objetivo a manutenção da ordem e do respeito. Onde não há lei, é difícil saber quem está certo ou errado. A autoridade e o povo precisam conhecer a lei, para que possam respeitá-la e cumpri-la. 

As leis humanas não são perfeitas, porque são criadas por pessoas imperfeitas. É natural que haja alguma coisa errada nas leis que temos. Mas, no seu todo, a lei é boa e contém preceitos necessários e úteis.

Qual deve ser a atitude do crente diante das leis?

a) Respeito e acatamento a todas as que forem estabelecidas em seu país, em sua organização de trabalho e em sua agremiação religiosa ou esportiva;

b) Rigoroso cumprimento de todas as leis que não firam a sua consciência cristã, à luz da Palavra de Deus. 

Existem leis que limitam o vício, "autorizando-o" em certa medida. Você não precisa beber bebida alcoólica, por exemplo, só porque isso está dentro da lei.

c) Submissão às leis, que, contrariando seus interesses, não estejam em contradição com a Palavra de Deus. 

Um exemplo: você gosta de sentar-se no último banco da igreja; se a direção da igreja resolver que os últimos bancos sejam reservados para os oficiais, você deve acatar, embora isso contrarie sua predileção. Não há nada de injusto nessa ordem.

d) Respeitosa contribuição, pela palavra, pela discussão, pelo protesto e pelas sugestões, para a modificação de leis injustas, discriminatórias e antidemocráticas. Tudo dentro de termos e atitudes compatíveis com o caráter cristão. 

O crente, como qualquer cidadão, num regime democrático, tem todo direito de reclamar contra tudo que considerar injusto. Mas deve fazê-lo sempre respeitosamente. Note bem: Lutar para melhorar uma lei não nos dá direito de infligir a lei vigente.

3- OS DEVERES

Todos temos os mesmos direitos e deveres diante das leis do país. A constituição é bem clara nesse sentido. Alguns desses deveres gostaríamos de destacar aqui:

a) Respeito à natureza. As árvores, os rios, os mares, as flores, os animais, e tudo o que a natureza nos dá, são para o benefício de todos. Sabemos hoje, que todos dependemos do equilíbrio ecológico para sobreviver.

Os rios poluídos envenenam a água que bebemos e matam os peixes. A derrubada indiscriminada das árvores extingue os animais que nelas habitam e retira o oxigênio e a umidade que os vegetais lançam no ar.

A pesca predatória (a que acaba com os peixes miúdos) diminui a quantidade de peixes na região. Muitas indústrias lançam no ar produtos tóxicos, que podem envenenar e tornam insuportável o ambiente.

É bom acatar as leis que visam à preservação da natureza: não poluir nascentes e rios, não arrancar flores e frutos, não derrubar árvores sem permissão, não lançar na atmosfera elementos poluidores, enfim, fazer tudo para manter a natureza da qual diretamente muito dependemos para a conservação da vida.

b) Respeito às autoridades e às leis. Há pessoas que contam como vantagem a façanha de terem burlado a lei, ou desacatado a autoridade. O bom cidadão evita essa atitude. Ele sabe que as autoridades existem para o seu bem e o bem de todos. O crente é respeitador das leis e das autoridades.

c) Prestação de serviço. Não devemos fugir à prestação de serviço à nossa pátria, desde o serviço militar ao comunitário. À época de flagelos (como as enchentes), de campanhas especiais (vacinação, doação de sangue) e de outros serviços que forem requeridos pelo governo, o cristão deve estar sempre disposto a colaborar.

Um importante serviço à pátria é o de votar. É pelo voto que escolhemos o governo e a autoridade constituída no país. Quando chegar a idade própria, procure exercer com espontaneidade esse serviço.

d) Pagamento de impostos. É o que Paulo recomenda, nos versículos 6 e 7 do texto básico. É com os impostos e taxas, recolhidos do povo, que o governo realiza obras em benefício do próprio povo. 

Quando alguém deixa de pagar impostos, não só comete um erro defraudando a lei, como deixa de contribuir para que haja melhores condições para o povo. Guarde bem essa noção para a época em que você tiver de cumprir esses deveres.

e) Participação na vida pública e política. Você já pode fazer isso agora. Como? Lendo os jornais, interessando-se pelo que vai em seu país, participando de agremiações juvenis, como, na igreja, a união de adolescentes, e ouvindo o que se diz sobre a situação nacional. 

Você é um cidadão. Futuramente, você terá uma função importante em sua pátria.

f) Estudo e trabalho. É o que você pode fazer melhor, agora. A sua aplicação aos estudos, o seu interesse em aumentar seu conhecimento, a sua disposição de seguir uma carreira útil, juntamente com o trabalho que você pode fazer em casa e na igreja, constituem verdadeira lição de civismo. 

O país precisa de cidadãos responsáveis e devidamente habilitados em sua carreira. Aproveite bem seus estudos e terá grande oportunidade de mostrar que ama sua pátria.

CONCLUSÃO

O melhor cidadão do país é o cidadão do reino de Deus. Um cristão verdadeiramente convertido é, naturalmente, pessoa de alto espírito cívico, porque sabe que é da vontade de Deus que sejamos respeitadores das autoridades e das leis, ao mesmo tempo em que devemos estar conscientes de que temos nossos deveres para com a pátria.

Se você quer ser um bom cidadão brasileiro, seja verdadeiro crente em Jesus Cristo. É o que poderá fazer de melhor para o Brasil.

Autor: Thiago Rocha


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