O Lanche que Alimentou uma Multidão: O Segredo da Multiplicação nas Mãos de Jesus – Estudo Bíblico em João 6

João 6.1-15

As grandes multidões seguiam ao Senhor Jesus por todo o lugar que ele fosse, porque ninguém queria perder por nada os espantosos sinais, milagres, que ele fazia.

Sendo seguido por uma dessas multidões, e querendo ficar a sós com seus discípulos, Jesus entrou em um barquinho com eles para atravessar o Mar da Galileia. Mas a multidão não desistiu.

Quando o barco partiu para cruzar o lago, todos começaram a correr pelas margens ao redor até chegar no outro lado, aonde o barco estava se dirigindo. Jesus e seus discípulos chegaram primeiro e subiram ao monte juntos. 

Lá de cima ele observou a multidão se aproximando da praia e se ajuntando ao pé do monte. Eram pessoas de todas as partes que deveriam estar em Jerusalém para a festa da Páscoa. 

Logo ficariam com fome, mas Jesus já sabia o que iria fazer. Vamos, então, aprender três importantes lições aqui.

1. O EXAME DOS DISCÍPULOS

O Senhor Jesus utiliza esta ocasião para submeter os discípulos a um pequeno exame de fé. Os discípulos já estavam com Jesus há dois anos. 

Tinham acompanhado todos os seus maravilhosos ensinos e visto repetidas vezes o glorioso poder de Deus. Jesus agora decide testar sua fé.

De acordo com o relato, Jesus escolheu examinar Filipe primeiro ao perguntar-lhe:

João 6.5
"Onde compraremos pães para lhes dar a comer?"

Jesus na verdade não pretendia comprar pão. E ele sabia que Filipe não poderia responder a esta pergunta. Não havia nenhuma vila ou padaria ali por perto, e além disso eles praticamente não tinham dinheiro. 

Sua pergunta foi claramente tencionada para colocar diante de Filipe um problema que não tinha solução humana.

Isso já aconteceu com você? Talvez bem agora você esteja vivendo esse tipo de situação em que não se pode encontrar resposta nos recursos normais da vida. I

sso é o que Jesus fez com Filipe. O Senhor, é claro, desejava testar sua fé (v.6). Mas Filipe imediatamente começou a pensar em dinheiro.

Ele responde à pergunta de Jesus:

"Duzentos denários de pão não seriam suficientes para cada um receber o seu pedaço".

Quando Filipe começou a fazer um levantamento dos recursos disponíveis, ele viu que não havia meio de resolver esse dilema.

Que Deus nos perdoe pelo Filipe que existe em cada um de nós! Quantas vezes isto acontece conosco, não é mesmo? 

Quando contemplamos a Palavra de Deus, ela nos ordena alimentar as multidões - não apenas fisicamente, quando há necessidade, mas o que é mais importante - espiritualmente. Somente a Igreja de Cristo possui a verdade, o pão que pode alimentar a fome da alma. 

E o que fazemos quando Deus nos manda alimentar a multidão? Respondemos como Filipe. O Senhor Jesus, porém, diz que devemos começar com o que temos.

Outro discípulo de Jesus, André, saiu-se um pouco melhor, embora não houvesse muita fé em sua resposta (vs. 8,9). 

Após vasculhar na multidão ele encontrou um garotinho com cinco pães e dois peixinhos. Mas, é claro, isto era tudo o que Jesus precisava. Tudo o que ele quer é que consagremos o que já temos em mãos agora, para que ele nos use em sua obra.

2. O ENSINO ACERCA DO PÃO

Veja os versículos 11-13. Um milagre incrível aconteceu. A glória do Senhor Jesus se manifestou novamente. Com o lanche de um garotinho ele supriu as necessidades alimentares de toda uma multidão, e ainda mandou recolher as sobras ajuntando doze cestos. 

Cerca de cinco mil homens, e, sem dúvida, outras três a cinco mil crianças e mulheres se alimentaram até ficarem fartos. Mas o melhor estava por vir. Havia uma lição muito importante que todos deveriam aprender.

Mais adiante, nos versos 26-59, fazendo uma ligação com este episódio, Jesus afirma ser ele próprio o pão da vida, ou seja, o pão que desceu do céu. Esse pão não é do tipo que na manhã seguinte estraga, como o maná que os israelitas comeram no deserto, mas é um pão que se conserva para a vida eterna.

Este pão que Jesus oferece significa ele próprio, a sua "carne", ou seja, a sua natureza humana na encarnação, que ele deu pela vida do mundo. Desta maneira, "pão" se torna a imagem de tudo aquilo que uma pessoa precisa para viver.

Quando ele diz ser o pão da vida, significa que é capaz de satisfazer às mais profundas necessidades e anseios da alma humana, dando vida, e conservando-a nutrida eternamente. 

Desta maneira, comer a Cristo como pão da vida significa acreditar nele como o Redentor, apropriar-se dele, assimilá-lo - em outras palavras, crer nele, de modo que comece a viver dentro de nós, e nós nele. O que assim faz, viverá para sempre e jamais terá fome novamente.

Assim, aqueles que ainda forem descrentes e incrédulos precisam se apropriar deste pão hoje para sua salvação, ao crer pela fé na obra de Cristo. 

E os crentes em Cristo precisam se apropriar continuamente deste pão para o seu crescimento e sustento diário, ao obedecer seus ensinos.

3. A REAÇÃO DA MULTIDÃO

É curioso observar nos versículos 14 e 15 a resposta daquela multidão ao milagre de Jesus. Houve uma conclusão apropriada, seguida de uma reação redondamente errada.

Quando eles viram este milagre acontecer, suas mentes se voltaram a um versículo em Deuteronômio onde Moisés, que tinha alimentado o povo no deserto com maná do céu, havia dito ao povo:

Deuteronômio 18.15
"O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás"

Um burburinho começou a se espalhar entre a multidão, "Este deve ser aquele profeta que Moisés anunciou". E eles estavam cobertos de razão. Este era um dos sinais do Messias. Mas estranhamente, quando eles tiveram a conclusão apropriada, imediatamente, passaram a reagir erroneamente. Diz o texto que:

João 6.15
"sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte"

Que reação mais estranha! Eles não estavam prontos para segui-lo como Messias - eles queriam usá-lo. Eles queriam que Jesus trabalhasse para eles de acordo com o seu programa e planejamento. Eles queriam que Jesus os livrasse do império romano. 

Todavia, antes que nós os julguemos tão incisivamente, perguntemos a nós mesmos: será que não fazemos o mesmo?

Você já ficou chateado com Deus porque ele não lhe deu aquilo que você havia pedido? Quantas vezes você esperou que ele trabalhasse para você e fizesse o que você queria? Esta história nos é dada para nos ensinar que não é este o tipo de relacionamento que os homens devem ter com Deus. 

Quando aquelas pessoas, às margens do Mar da Galileia, foram alimentadas por Jesus, elas pensaram: "Aqui está aquele que pode cuidar de todas as nossas necessidades.

Não temos que nos preocupar mais com o que comer. Ele pode alimentar um exército inteiro de soldados e ressuscitá-los na batalha. 

Ele pode nos livrar do poderio romano. Vamos fazer dele o nosso rei". Mas o Senhor Jesus não consentiria em ser usado desta maneira.

Nosso maior privilégio é ver-nos como seus instrumentos, fazendo o que ele quer que façamos, e não usando-o para fazer o que nós queremos. 

Certamente esta é a lição que este incidente deixou gravada nas mentes de seus discípulos - de que eles deveriam ser seus seguidores, e no momento apropriado, o próprio Deus os prepararia para fazer grandes coisas por intermédio deles.

Eu espero que esta história nos leve de volta à nossa vida diária com a percepção de que o Deus vivo nos escolheu para sermos um canal de suas bênçãos, para operar em nós e por intermédio de nós para fazer o que ele quer. 

Esta é a maior alegria e o maior privilégio da vida. Não devemos imaginar que possamos fazer de Deus um mero instrumento para alcançar nossos interesses.

Aplicação

Meu caro jovem, aprendemos aqui três lições práticas para o nosso viver diário:

1) Quando Deus quer realizar algo em nossas vidas ou por intermédio de nós, ele só precisa de um coração submisso e cheio de fé e nada mais. Todos os recursos ou meios necessários já estão à sua disposição para serem utilizados conforme sua vontade. Basta crer e depositar aos seus pés aquilo que temos;

2) Assim como você toma o seu café com pão diariamente para ter energia e disposição, dê à sua alma o sustento necessário, buscando a Cristo, o pão da vida, pois só ele é capaz de satisfazer os seus mais profundos anseios e necessidades espirituais;

3) Busque o Senhor por amor (Mt 22.36,37) e não por interesse próprio (Tg 4.3).

Autor: Paulo César Nunes dos Santos


Lista de estudos da série

1. Rindo do Impossível: O Segredo da Promessa que Venceu a Esterilidade – Estudo Bíblico sobre Abraão e Sara

2. A Queda dos Falsos Deuses: Como as 10 Pragas Revelaram o Único Deus Verdadeiro – Estudo Bíblico sobre o Êxodo

3. O Beco Sem Saída: O Milagre Desesperado que Abriu um Caminho no Meio do Mar – Estudo Bíblico sobre o Mar Vermelho

4. O Alimento Secreto do Deserto: O Pão Diário que Apontava para a Salvação Eterna – Estudo Bíblico sobre o Maná

5. O Toque Fatal: A Morte Instantânea que Ensinou o Verdadeiro Temor a Deus – Estudo Bíblico sobre Uzá e a Arca

6. Jantar com Leões: O Segredo da Oração que Silenciou as Feras Mais Ferozes – Estudo Bíblico sobre Daniel

7. O Quarto Homem no Fogo: A Presença Divina que Tornou a Fornalha um Lugar Seguro – Estudo Bíblico em Daniel 3

8. A Prova Definitiva: O Milagre que Revelou o Poder de Jesus para Perdoar Pecados – Estudo Bíblico em Marcos 2

9. A Cura que Chocou os Sábios: Como um Cego de Nascença Expôs a Cegueira Espiritual – Estudo Bíblico em João 9

10. O Milagre que Salvou a Festa: Como Jesus Transformou o Comum no Extraordinário – Estudo Bíblico em João 2

11. O Lanche que Alimentou uma Multidão: O Segredo da Multiplicação nas Mãos de Jesus – Estudo Bíblico em João 6

12. A Ordem que Desafiou a Morte: O Milagre que Provou o Domínio de Jesus sobre o Túmulo – Estudo Bíblico em João 11

13. O Sinal Ignorado: Por que a Ressurreição de Jesus é a Única Prova que Você Precisa – Estudo Bíblico sobre o Sinal de Jonas

Semeando Vida

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