Hoje quero relatar um caso de burrice consciente de que acabo de me livrar. A gente ouve tantos apelos para poupança que acaba entrando na onda. Mas que tipo de poupança? Guardar dinheiros em cofrinhos.
Arranjamos seis cofrinhos e todo mundo começou a guardar moedas.
Depois de guardar durante meses, resolvemos contar o dinheiro. Depois de meia hora de contar moedas, o resultado - Duzentos e dezoito cruzeiros.
A cinco por cento ao mês durante esses dois meses esse dinheiro teria me rendido vinte e um cruzeiros e oitenta centavos mais a desvalorização desse período esse dinheiro teria dobrado para quarenta e três cruzeiros e sessenta centavos.
Gastei meia hora para contar o dinheiro, foi tempo gasto e, como dizem os americanos que tempo é dinheiro, perdi mais uns setenta cruzeiros. Somando tudo já estou com cento e treze cruzeiros e sessenta centavos de prejuízo.
Descobri o seguinte: Poupei duzentos e dezoito cruzeiros e perdi (sem aspas, mesmo) cento e treze cruzeiros e sessenta centavos. O que poderei comprar com esse dinheiro? Quase nada! Conclusão: Só tomei na cabeça!
Se eu tivesse dado todas essas moedas para os meus netos comprarem sorvete, teria lucrado muito mais. Abaixo, pois, à poupança desse tipo. Posso ter sido burro por muito tempo, mas agora chega.
Dinheiro é para gastar, principalmente por quem não tem dinheiro. O pobre jamais terá sobras para poupar, quando ele guarda alguns trocados ele não guardou, ele desviou de alguma outra necessidade não satisfeita.
Dinheiro é para gastar enquanto vale alguma coisa, pois desde o início deste arrazoado creio que a minha poupança já se reduziu um pouco mais devido à desvalorização.
O mais curioso nessa propaganda para poupança é que ela é feita pelo governo, para poder usar o dinheiro do pobre do assalariado, poder gastar nosso pobre dinheirinho (antigamente era nosso rico dinheirinho).
O governo tem máquina de fazer dinheiro. Que faça. Será danoso para a nação. Mas não será danoso para o estômago do trabalhador, que só pode e sabe fazer dinheiro com a mistura suor e sangue.
Autor: Samuel Barbosa
(Extraído do livro “Respingando – Crônicas e Memórias”, 1ª Edição – Rev. Samuel Barbosa)