Jeremias 36 - O profeta Baruque escreve sob ditado de Jeremias as predições de ruína de Judá; o rolo é lido e queimado por Joaquim



Então Jeremias chamou Baruque, filho de Nerias, para que escrevesse no rolo, conforme Jeremias ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado. Depois Jeremias disse a Baruque: "Estou preso; não posso ir ao templo do Senhor. Por isso, vá ao templo do Senhor no dia do jejum e leia ao povo as palavras do Senhor que eu ditei, as quais você escreveu. Você também as lerá a todo o povo de Judá que vem de suas cidades. (Jeremias 36:4-6)


Resumo
Jeremias 36 relata um episódio significativo no ministério do profeta Jeremias, que ocorre no contexto do quarto ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá. Neste período, Judá enfrenta a ameaça iminente do exército babilônico liderado por Nabucodonosor. 

A palavra do Senhor vem a Jeremias, instruindo-o a registrar todas as profecias dadas desde o reinado de Josias até aquele momento. O objetivo divino é claro: oferecer ao povo de Judá uma última oportunidade de arrependimento, na esperança de que a divulgação das profecias possa levar à conversão e ao perdão dos pecados (vv. 1-3).

Incapacitado de ir ao templo devido à sua prisão, Jeremias convoca Baruque, filho de Nerias, para atuar como seu escriba. 

Baruque escreve as palavras ditadas por Jeremias e, posteriormente, lê o rolo para o povo no templo, cumprindo a missão de transmitir a mensagem divina em um dia de jejum nacional. A leitura visa provocar uma reflexão coletiva sobre as ações que levaram Judá à beira da destruição (vv. 4-10).

A reação inicial à leitura das palavras proféticas é de temor entre os líderes judaicos, que reconhecem a gravidade da mensagem e a necessidade de informar o rei Jeoaquim.

A interrogação de Baruque sobre a origem das palavras ressalta a importância do processo profético, na qual Jeremias recebe diretamente de Deus as mensagens que Baruque transcreve e declama (vv. 11-19).

Contudo, a reação do rei Jeoaquim é de total rejeição. Ao ouvir as palavras do rolo, ele o destrói, queimando-o no fogo, numa demonstração de desdém pela palavra profética e pela possibilidade de arrependimento. 

Este ato simboliza o repúdio final de Jeoaquim às advertências divinas, marcando um ponto de não retorno na relação entre Judá e Deus. Notavelmente, nem o rei nem seus conselheiros mostram qualquer sinal de arrependimento ou temor diante das profecias (vv. 20-26).

A resposta divina ao desafio de Jeoaquim é imediata: Jeremias é instruído a escrever outro rolo, reiterando todas as profecias anteriores e acrescentando novas advertências direcionadas especificamente ao rei. 

Deus pronuncia um juízo específico contra Jeoaquim, predizendo a ausência de sucessores diretos no trono de Davi e um destino ignominioso para o seu corpo. Além disso, reafirma o castigo coletivo sobre Judá e Jerusalém por sua persistente desobediência (vv. 27-31).

O capítulo conclui com Jeremias e Baruque preparando um novo rolo, reescrevendo as mensagens destruídas e adicionando outras palavras. Este ato não apenas desafia a autoridade de Jeoaquim, mas também enfatiza a indestrutibilidade da palavra de Deus, que permanece firme apesar das tentativas humanas de silenciá-la (v. 32).

Jeremias 36 destaca, assim, a tensão entre a fidelidade profética e a rebelião humana, explorando temas de arrependimento, juízo e a soberania de Deus sobre sua palavra. 

O episódio ilustra dramaticamente a escolha enfrentada por Judá: ouvir e se voltar para Deus ou enfrentar as consequências de continuar no caminho do pecado e da rebeldia.

Contexto Histórico e Cultural
A narrativa de Jeremias 36 desdobra-se durante um período crítico na história do antigo Israel, especificamente no reino de Judá, sob o reinado de Jeoaquim, filho de Josias. 

Este capítulo não apenas retrata um episódio dramático envolvendo a rejeição da palavra de Deus por parte da liderança política, mas também oferece uma janela para compreender as dinâmicas culturais, religiosas e políticas da época. 

O cenário é marcado por tensões internacionais, com o império babilônico emergindo como potência dominante na região após a batalha de Carquemis em 605 a.C., evento que significou a derrota do Egito e a ascensão de Nabucodonosor II.

No quarto ano do reinado de Jeoaquim, Deus instrui Jeremias a compilar suas profecias anteriores em um rolo. Isso sugere não apenas a importância de preservar a mensagem divina, mas também reflete sobre o uso de escritos como meio de comunicação duradouro, especialmente em tempos de crise. 

A cultura escrita estava se tornando cada vez mais relevante em uma sociedade que valorizava a transmissão oral. A decisão de Deus em ter suas advertências registradas destaca a esperança de arrependimento e redenção para o povo de Judá, mesmo diante da iminência do juízo.

A escolha de Baruque, secretário de Jeremias, para escrever as palavras no rolo, revela aspectos interessantes sobre as práticas literárias da época. Baruque pertencia a uma família influente, o que sublinha a intersecção entre religião, política e a elite intelectual na sociedade judaica.

A tarefa de compilar, escrever e ler publicamente as profecias de Jeremias demonstra o papel vital dos escribas na comunicação e preservação das tradições e revelações divinas.

O ato de ler o rolo no templo durante um dia de jejum indica a centralidade do templo na vida religiosa de Judá. O templo não era apenas um local de culto, mas também um espaço para a proclamação da palavra de Deus e para o arrependimento coletivo. 

Essa prática ressalta a crença em um Deus que deseja se comunicar com seu povo e na importância da resposta comunitária à sua mensagem.

A reação dos líderes e do rei ao rolo lido por Baruque revela as tensões entre a fidelidade à palavra divina e as ambições políticas e pessoais. Enquanto alguns líderes expressam temor e reconhecimento da gravidade da mensagem, o rei Jeoaquim demonstra desprezo e rejeição, chegando ao ponto de cortar e queimar o rolo. 

Esse ato simboliza não apenas a rejeição da palavra de Deus, mas também a tentativa de apagar a autoridade divina sobre o reino e seu destino.

A resposta de Deus a essa afronta, instruindo Jeremias e Baruque a preparar outro rolo com mensagens adicionais, enfatiza a indestrutibilidade da palavra divina. 

A destruição do rolo por Jeoaquim não impede que a mensagem de Deus continue a ser proclamada. Isso destaca a soberania divina sobre os reis e reinos humanos e a futilidade dos esforços humanos para silenciar ou controlar a revelação divina.

O destino profetizado para Jeoaquim, de não ter descendentes no trono e de ter um fim desonroso, reflete a concepção bíblica de justiça divina, onde a desobediência e a rebeldia contra Deus têm consequências não apenas para o indivíduo, mas também para a linhagem e a nação. 

A promessa de continuidade da linhagem davídica, apesar da maldição sobre Jeoaquim, aponta para a fidelidade de Deus às suas promessas e para a esperança messiânica que transcende as falhas humanas.

Por fim, a história de Jeremias 36, com sua interação complexa entre Deus, o profeta, o escriba, os líderes e o rei, oferece uma rica tapeçaria de lições sobre a soberania divina, a responsabilidade humana, a importância da palavra de Deus e a inevitabilidade do juízo divino frente à iniquidade. 

Esse episódio ressalta a centralidade da fidelidade à revelação divina como fundamento para a vida e a sobrevivência do povo de Deus.

Temas Principais:
A Persistência da Palavra de Deus Frente à Oposição: A tentativa de Jehoiakim de destruir a palavra profética, queimando o rolo, destaca o tema da indestrutibilidade e persistência da palavra de Deus. A ordem de Deus para escrever outro rolo, incluindo todas as palavras anteriores mais "muitas palavras semelhantes", reforça a ideia de que a verdade divina não pode ser silenciada ou destruída por ações humanas.

Responsabilidade e Julgamento: A reação de Jehoiakim ao rolo de Jeremias ilustra a responsabilidade humana frente à revelação divina. Ao rejeitar e destruir a palavra de Deus, Jehoiakim personifica a rebelião e o desdém pelo divino, atraindo consequentemente o julgamento específico contra si e sua linhagem. Isso ressalta o ensino reformado sobre a seriedade do pecado e a justiça do julgamento de Deus.

O Papel dos Profetas e Seus Assistentes: A colaboração entre Jeremias e Baruque na produção do rolo enfatiza o papel vital dos profetas e seus assistentes na comunicação e preservação da palavra de Deus. Isso ressalta a importância da fidelidade e obediência na tarefa de transmitir a mensagem divina, independentemente da oposição ou desafios.

Ligação com o Novo Testamento e Jesus Cristo:
A Palavra de Deus como Inalterável: A tentativa falha de Jehoiakim de destruir a palavra de Deus prenuncia o ensino do Novo Testamento sobre a imutabilidade da palavra de Deus (Mateus 24:35; 1 Pedro 1:25). Isso aponta para Jesus Cristo, a Palavra viva, que encarna e cumpre todas as promessas e julgamentos de Deus (João 1:1,14).

Julgamento e Misericórdia: A condenação pronunciada sobre Jehoiakim reflete os temas do julgamento e da misericórdia divina presentes em toda a Bíblia. Jesus Cristo, na Nova Aliança, oferece perdão e salvação, absorvendo o julgamento de Deus sobre o pecado na cruz, mas também adverte sobre as consequências eternas da rejeição da graça de Deus (João 3:16-18; Hebreus 10:26-31).

O Ministério da Palavra: Assim como Jeremias e Baruque trabalharam juntos para preservar e proclamar a palavra de Deus, o ministério da Palavra continua no Novo Testamento através dos apóstolos e, posteriormente, da igreja. O compromisso com a escrita, preservação e pregação da verdade divina é central para a missão da igreja, seguindo o exemplo de Paulo e seus colaboradores (2 Timóteo 4:2-5).

Aplicação Prática:
Valorização da Palavra de Deus: Os crentes são chamados a valorizar, estudar e obedecer à Palavra de Deus, reconhecendo sua autoridade e imutabilidade. Isso envolve um compromisso pessoal e comunitário com as Escrituras, como guia para a vida e a prática cristã.

Resposta ao Chamado Divino: A disposição de Jeremias e Baruque de enfrentar perseguição e oposição por causa da fidelidade à missão divina desafia os crentes a serem igualmente corajosos e obedientes ao chamado de Deus, mesmo em face da adversidade.

O Papel da Igreja na Preservação e Proclamação da Palavra: A igreja é chamada a ser uma guardiã da Palavra de Deus, comprometendo-se com sua correta interpretação, ensino e pregação. Isso envolve uma responsabilidade corporativa e individual de viver de acordo com os princípios bíblicos e de compartilhar a mensagem do evangelho com o mundo.

Versículo-chave:
"Então Jeremias tomou outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escriba, que nele escreveu, sob a ditadura de Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, havia queimado no fogo; e ainda se lhe acrescentaram muitas outras palavras semelhantes." - Jeremias 36:32 (NVI)

Sugestão de Esboços:

Esboço Temático: A Invencibilidade da Palavra de Deus
  1. A ordem divina para escrever o rolo (v. 1-3)
  2. A rejeição e destruição do rolo por Jehoiakim (v. 22-26)
  3. A resposta de Deus: um novo rolo com mais revelações (v. 27-32)

Esboço Expositivo: Desafios à Proclamação da Verdade
  1. A preparação e proclamação inicial da palavra (v. 4-10)
  2. A audiência e ação dos líderes de Judá (v. 11-19)
  3. Oposição real e a preservação divina da palavra (v. 20-32)

Esboço Criativo: Palavras Que Não Podem Ser Queimadas
  1. As palavras gravadas e a resistência ao esquecimento (v. 1-8)
  2. As palavras proclamadas e a rejeição arrogante (v. 9-26)
  3. As palavras multiplicadas e a promessa de persistência (v. 27-32)
Perguntas
1. Em que ano do reinado de Jeoaquim o Senhor falou a Jeremias? (36:1)
2. O que Jeremias foi instruído a fazer com as palavras ditas a ele por Deus? (36:2)
3. Qual era o propósito de escrever todas as palavras no rolo? (36:3)
4. Quem Jeremias chamou para ajudá-lo a escrever as palavras no rolo? (36:4)
5. Por que Jeremias não podia ir ao templo do Senhor? (36:5)
6. Onde Baruque deveria ler as palavras do Senhor para o povo? (36:6)
7. Qual era a esperança de Jeremias ao fazer Baruque ler as palavras no templo? (36:7)
8. Baruque seguiu as instruções de Jeremias? (36:8)
9. Quando foi proclamado um jejum para todo o povo de Jerusalém? (36:9)
10. Onde Baruque leu as palavras de Jeremias no templo? (36:10)
11. Quem ouviu as palavras do Senhor e relatou aos líderes? (36:11)
12. Onde estavam os líderes quando Micaías relatou a eles as palavras lidas por Baruque? (36:12)
13. Como os líderes reagiram após ouvir o relato de Micaías? (36:14)
14. O que os líderes pediram a Baruque após ele ler o rolo para eles? (36:15)
15. Qual foi a reação dos líderes após ouvirem o conteúdo do rolo? (36:16)
16. Os líderes inquiriram como Baruque escreveu todas essas palavras? (36:17)
17. O que Baruque respondeu quando perguntado sobre como ele escreveu o rolo? (36:18)
18. O que os líderes aconselharam Baruque a fazer depois de ouvir o rolo? (36:19)
19. Onde os líderes deixaram o rolo antes de ir falar com o rei? (36:20)
20. Quem o rei mandou pegar o rolo? (36:21)
21. Como era o ambiente em que o rei estava quando Jeudi leu o rolo? (36:22)
22. O que o rei fez com o rolo após ouvir seu conteúdo? (36:23)
23. Qual foi a reação do rei e seus conselheiros ao ouvirem as palavras do rolo? (36:24)
24. Elnatã, Delaías e Gemarias tentaram convencer o rei a não queimar o rolo? (36:25)
25. O que o rei ordenou fazer com Baruque e Jeremias? (36:26)
26. Deus falou novamente com Jeremias após o rolo ser queimado? (36:27)
27. O que Deus instruiu Jeremias a fazer depois que o rolo foi queimado? (36:28)
28. Que mensagem específica Deus mandou Jeremias dizer a Jeoaquim? (36:29)
29. Qual foi o destino profetizado para Jeoaquim por Deus? (36:30)
30. Deus prometeu castigar quem além de Jeoaquim? (36:31)
31. Jeremias seguiu as instruções de Deus após o rolo original ser queimado? (36:32)
32. O que foi acrescentado ao segundo rolo que Baruque escreveu? (36:32)
33. Qual era o motivo de Jeoaquim queimar o rolo? (36:29)
34. Qual era a reação esperada do povo ao ouvir as palavras do rolo? (36:3)
35. O que indica que Jeremias estava restrito de ir ao templo? (36:5)
36. Como a leitura do rolo se encaixava no contexto de um jejum proclamado? (36:9)
37. O que a ação do rei ao queimar o rolo revela sobre sua atitude em relação à palavra de Deus? (36:23-24)
38. Como a persistência de Jeremias e Baruque em seguir as instruções de Deus contrasta com a reação do rei? (36:4, 32)
39. Por que os líderes sentiram a necessidade de esconder Jeremias e Baruque? (36:19)
40. A localização específica da leitura no templo tem algum significado? (36:10)
41. Como a leitura das palavras do Senhor afetou o povo e os líderes que ouviram? (36:16)
42. Por que Jeoaquim não mostrou nenhum sinal de arrependimento ou temor? (36:24)
43. Qual era a importância de usar um rolo para registrar as palavras de Deus? (36:2)
44. O que a determinação de Jeremias em reescrever as palavras no rolo após serem queimadas demonstra sobre sua fé? (36:28, 32)
45. Como os eventos descritos neste capítulo ilustram a relação entre os profetas de Deus e os governantes de Judá? (36:1-32)
46. Qual foi a reação dos conselheiros do rei, diferentemente do próprio rei, ao ouvirem as palavras do rolo? (36:25)
47. De que maneira a história do rolo queimado serve como uma advertência para futuras gerações? (36:29-31)
48. O que o ato de Jeudi ler o rolo diante do rei e seus servos simboliza sobre a disseminação da palavra de Deus? (36:21)
49. Por que era importante que as palavras do Senhor fossem lidas não apenas em privado, mas também publicamente no templo? (36:6)
50. O que a história de Jeremias, Baruque, e o rolo queimado ensina sobre a persistência na face da oposição? (36:4, 27-32)

Semeando Vida

Profundidade Teológica e Orientação Espiritual para Líderes e Estudiosos da Fé

Postar um comentário

O autor reserva o direito de publicar apenas os comentários que julgar relevantes e respeitosos.

Postagem Anterior Próxima Postagem
Ajuste a fonte: