Isso foi comigo. Já cursava o penúltimo ano de Seminário. Visitei o campo do Rev. Wey em Tapijara. Já voltava do campo em que preguei, em Pirambóia-SP.
Na estação, esperava-me o Rubem Rodrigues com um cavalo arreado, o mesmo que me levara.
Ao montar no animal, vendo diversos cavalos, desatei a rédea de um e, quando o estava montando, apareceu, por entre a fileira de animais de sela, um caboclo esbravejando, gritando comigo, chamando-me "ladrão de cavalo".
Não tive, no momento, força para reagir com uma explicação adequada. Neste ínterim, surgiu o meu companheiro, o Rubens Rodrigues, rapaz decidido e forte que ouvira as bravatas do homem.
Veio ao seu encontro e, ficando entre o homem e mim, gritou com ele e disse:
"O amigo se engana. Para falar deste rapaz nestes termos é preciso conhecer quem ele é. É estudante no Seminário. É pregador da Palavra de Deus e quase ministro".
Com isso, o homem assustou-se e eu me expliquei:
"O Sr. me desculpe. Não sou bom observador e pensei que o seu cavalo era o meu."
Estava explicado. Meu cicerone acalmou-se, e o homem corou envergonhado, por me achar com jeito de "ladrão de cavalo".
Autor: Lázaro Arruda
(Extraído do livro “Os meus dias” – Rev. Lázaro Lopes de Arruda, 1997.)