Ressurreição


O texto sobre a ressurreição é bem claro em seu relato (Mateus 28). A duas Marias foram até o sepulcro de Cristo. Houve um grande terremoto, surgiu um anjo que anunciou a ressurreição a essas mulheres.

Depois disso, Cristo apareceu a elas e posteriormente aos seus discípulos. Apesar das testemunhas oculares, houve quem pregasse uma mensagem estranha. Na época de Paulo existiam pessoas que ensinavam que a ressurreição de Jesus havia sido espiritual e não física (1 Co 15.12).

Esse ensino era baseado na filosofia grega que afirmava que a alma é imortal, e o corpo, por sua vez, é mortal. Após a morte, a alma vai para Deus e o corpo é aniquilado. Dentro dessa lógica, a ressurreição de Cristo não foi física, mas sim, espiritual. 

Paulo combate isso e mostra que além de física, a ressurreição de Cristo produz efeitos na vida de quem crê nesse evento. Quais efeitos seriam esses? Vejamos alguns deles:

1. A ressurreição anuncia nossa ressurreição
“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” (1 Co 15.20).

Esse princípio é exibido através da expressão “primícias”. Primícias são os primeiros frutos colhidos. Nesse sentido, a ressurreição de Jesus é a primeira de uma série de ressurreições que ocorrerão em sua segunda vinda. É um tipo de ressurreição diferente daquela que ocorreu com a filha de Jairo, com Lázaro e com Dorcas, visto que essas pessoas depois de um tempo morreram. 

No entanto, a ressurreição que ocorrerá conosco é aquela cujo efeito vai durar eternamente, isto é, não mais morreremos.

Em 1 Cor 15.52, Paulo escreve: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. 

Isso nos ensina que nossa vida não está nesse mundo e que algo melhor nos espera. Enquanto estivermos aqui, a menos que Cristo volte nesse exato momento, enfrentaremos o sofrimento, a dor e a morte.

Contudo, a ressurreição de Cristo mostra que Nele podemos ter esperança visto que a morte não permanecerá porque Ele a derrotou. Jesus afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25);

2. A ressurreição anuncia nossa transformação do corpo. 
“Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória” (1 Co 15.42).

Nesse versículo somos ensinados que nossos corpos serão transformados à semelhança do corpo de Cristo. A ressurreição aponta para esse evento. Em Fp 3.20, 21 nós lemos: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória”. 

Nosso corpo está em estado de humilhação por causa do pecado, visto que nesse mundo, ele está sujeito às doenças, a sofrimentos, a deformidades, à vaidades e à morte Na vinda de Cristo ele será transformado. Será um corpo glorioso, que não peca, não morre, não envelhece, não se envaidece. 

Aprendemos que por mais que nos esforcemos para cuidar do corpo, o que até certo ponto é legítimo, pois somos santuário do Espírito, não conseguiremos mantê-lo intacto. Ele está se degenerando por mais impeçamos isso.

Ele está caminhando para a sepultura, a menos que Cristo volte agora. Mas a ressurreição de Cristo aponta para uma transformação que nem o mais renomado cirurgião plástico conseguiria fazer. Seremos renovados tanto externa, quanto internamente. 



3. A ressurreição comunica a transformação do caráter. 
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6.4).

Finalmente aprendemos outro efeito da ressurreição de Cristo, ou seja, por meio dela nosso caráter é transformado. Isso quer dizer que a ressurreição de Jesus não apenas aponta para a nossa ressurreição que ocorrerá no futuro, mas também para a renovação de nosso caráter aqui na terra. 

Nesse v. Paulo, usa a figura do batismo que simboliza a união com Cristo. Uma vez que uma pessoa se une a Cristo, o seu velho homem morre juntamente com Cristo e depois ressurge para viver em novidade de vida. Portanto, um dos propósitos da ressurreição é que andemos não mais dedicados ao pecado, mas a Cristo.

É importante que nos lembremos de algumas das declarações feitas no nosso batismo. Declaramos estarmos cientes da necessidade de uma vida nova e santa para agradar ao Senhor e provar a sinceridade da nossa fé.

Enfim, é importante entender que ser cristão não é ser apenas tornar-se um mero membro de igreja, mas é viver como alguém que estava morto e que ressuscitou para andar como Cristo nos ensinou.

Conclusão
A ressurreição não foi um evento em que aconteceu apenas com Cristo, antes, foi um episódio que proporciona efeitos na vida daqueles que creem nisso. A ressurreição é a garantia de nossa ressurreição e de que nossos corpos serão transformados. 

Finalmente, a ressurreição comunica a transformação de nosso caráter aqui na terra. Que sejamos consolados com essas palavras e que Deus nos capacite para que vivamos como ressurretos.

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Carlos Eduardo Pereira de Souza  é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Formou-se em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em 2003 e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2012. Possui Mestrado em Divindade com concentração no Novo Testamento pelo Centro de Pós Graduação Andrew Jumper em 2013.

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