Estive lendo um recorte de jornal de algum tempo atrás que dava conta de que dois relâmpagos atingiram, quase à mesma hora, uma usina de eletricidade e um cabo de alta tensão, e a maior cidade do mundo mergulhou na escuridão por quase doze horas.
Nova Iorque depende de seus computadores, seu metrô, suas máquinas elétricas, enfim, vive eletricamente.
Contudo, o mais grave naquela conjuntura não foi a falta de luz e energia, mas a situação criada pelos ladrões. Houve verdadeira pilhagem na noite escura.
O mais curioso foi que essa pilhagem continuou até o dia seguinte, em plena luz do sol. A maioria dos saqueadores eram jovens adolescentes.
Devastaram restaurantes, supermercados, joalherias, casa de móveis etc. Inclusive faltou coragem para oito mil soldados para enfrentar a multidão desenfreada.
Chegaram a "limpar" uma revendedora de carros, de todos os seus últimos modelos. Havia até quem afirmasse que aquela era a hora de comprar sem dinheiro.
Três dias depois, havia três mil e oitenta e uma pessoas presas.
Os raios que atingiram Nova Iorque libertaram a violência na cidade. Os ladrões, latentes e patentes, gostaram da escuridão.
Essa escuridão serviu para mostrar uma coisa muito importante, a confirmação de um pensamento de um antigo professor.
Ele discordava do ditado popular que diz que a ocasião faz o ladrão. Dizia ele que a ocasião apenas mostra o ladrão.
Autor: Samuel Barbosa