A morte do livre arbítrio



Recentemente tivemos um movimento social que só conseguiu permissão para fazer a sua “marcha” por julgamento judicial.

Falo da “marcha da maconha”, um agrupamento de pessoas que se juntaram para defender a liberação do uso desta planta que é tida como droga não lícita, um entorpecente cujo tráfico é crime na lei brasileira.

Também pudera, estudos científicos provam que o uso da mesma provoca a morte de neurônios no cérebro, trazendo danos irreparáveis a saúde daqueles que a utilizam.

Quase que paralelamente vemos a “marcha da liberdade”, que engloba a luta por todas as liberdades individuais.

Não é coisa nova, vemos isso no passado, com o iluminismo e positivismo. Mais recentemente também o movimento hippie apregoou: “paz, amor, sexo, drogas e rock and roll”.

Misturam-se a essas bandeiras, buscas por paz, amor, bem estar, mas o que podemos dizer a cerca do resultado dessas excessivas liberdades e permissividades?

Recentemente tomei conhecimento de uma garota que, mesmo antes de conseguir a maioridade de 18 anos, estava imersa no mundo das drogas, do uso e tráfico.

Da vida promíscua veio uma filha que a manteve por pouco tempo em trégua com o vício, mas que passada a gravidez e o curto período de crescimento da criança, voltou às suas mazelas procurando pelo parceiro recém-saído da prisão em terrenos baldios e matagais, sim por seu corpo, sendo que este foi jurado de morte. 



Uma semana fora de casa, [e consequentemente sua filha] uma semana de avó-mãe, de bisavó-mãe. Esta bela jovem teria dito: “eu escolhi essa vida!”. Isso vindo de uma pessoa que cresceu na igreja. Teve escolha entre dois caminhos e optou pelo pior.

Pior que de tão recorrente esta historia, pode ser que você esteja lendo este artigo e pensando consigo mesmo, "parece que ele está falando de alguém que eu conheço, talvez seja muito próxima desta pessoa!"

Afinal, teria o ser humano ainda o livre arbítrio? Para responder isso é preciso uma breve definição do termo: Livre arbítrio é a condição de livre escolha de suas ações, ou livre decisão.

Numa partida de futebol é o arbitro quem decide, está investido de autoridade para tal situação. O fato é que Deus, no começo do mundo, deu opção realmente ao ser humano, de obedecer ou não a sua ordem.

E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (Gênesis 2. 1-17).

Mas o homem escolheu a pior opção, escolheu a morte. Aí morreu o livre arbítrio, prevalecendo o arbítrio de Deus sobre o do homem. Ele assim logo após inquirir suas criações caídas sobre o que havia ocorrido, deu-lhes uma sentença específica a cada parte envolvida. 

Definiu-lhes como seriam suas jornadas sobre a terra a partir de então. Por conta do pecado do homem, a terra foi amaldiçoada, passou a produzir plantas infrutíferas e prejudiciais ao cultivo de outras, o comportamento dos animais mudou, veio a fadiga, o cansaço no trabalho do homem, a sujeição da mulher ao homem e suas dores de parto, a maldição sobre a serpente, de rastejar sobre seu próprio ventre.

Agora há um aspecto positivo na morte do livre arbítrio, já que quando o homem é deixado a mercê de si mesmo, infelizmente procura sempre o que é mal. É positivo porque Deus define só o que lhe será bom. 

“O que eu vou fazer com essa tal liberdade?” O músico cantou. Talvez queira neste ponto de nossa reflexão perguntar, mas como tantas pessoas continuam a se perder neste mundo?

A palavra de Deus nos leva a crer que o homem apesar de não ter mais o livre decidir, possui o livre agir. O criador não o pôs como inteiro fantoche sem nenhuma ação fora de suas definições neste mundo. Mas a decisão final está em Deus, ele é soberano sobre todas as coisas.

“Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento”. Eclesiastes 11.9

Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz àmorte. Provérbios 16.25. 



Seria amplo demais tratar aqui dos cinco pontos do calvinismo, mas precisamos citar que isso se harmoniza com o que é sistematizado da Bíblia neles, a TULIP.


Total Depravity (Depravação Total)
Unconditional Election (Eleição Incondicional)
Limited Expiration (Expiração limitada)
Irresistible Grace (Graça irresistível)
Predestination (Predestinação)


Pontos interligados que tentamos reduzir a seguinte proposição: “O homem se tornou totalmente depravado com o pecado, mas Deus o elege apesar de sua condição, e isso é limitado àqueles que Deus de antemão predestinou para salvação em Cristo, os quais não conseguirão dizer não a sua graça”.

São abundantes as referências bíblicas que foram sistematizadas como base de cada ponto, mas cito pelo menos duas principais.

De Jesus: Isso aconteceu para que se cumprissem as palavras que ele dissera: "Não perdi nenhum dos que me deste". João 18.9

Do Ap. Paulo: Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Romanos 8. 29-30.

Amados, se por um lado o livre arbítrio morreu com a morte do homem, o homem reviveu e viverá eternamente pela morte de Cristo, aquele que restaura em nós a imagem da Glória de Deus.

 Por isso, nossa alegria, paz e segurança está na decisão de Deus, que tem as rédeas da história e de tudo que criou em suas mãos. 

Que Ele nos ajude a permanecermos no centro de Sua vontade, para não sofrermos desnecessariamente os excessos, descaminhos e mazelas de uma vida distanciada dele, mas experimentemos a abundância de vida que só Ele nos dá.

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Danilo Cassemiro de Campos é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em 2010. Ordenado em 2011. Bacharel em Design (Projeto do Produto) pela Faculdade Asseta de Tatuí (2008), além de Técnio em Processamento de Dados e Hardware (1998 e 2002). É fundador e editor do site www.desimax.com.br

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